"Chorar faz bem?"
Desde os primórdios do teatro, dramaturgos e diretores usam as lágrimas cênicas para emocionar a platéia. Muitas vezes, o público vai ao cinema ou aluga um DVD na expectativa de chorar com o filme a que vai assistir – como ocorria com as peças de Jean Racine, dramaturgo francês do século XVII, e com os romances melosos dos idos de 1800. Existem certas técnicas, usadas na elaboração de roteiros de cinema, que ajudam a emocionar os espectadores: a morte súbita de um personagem, um acidente com uma criança ou uma doença inesperada, por exemplo. Tom Lutz cita o caso de Titanic, de James Cameron, filme assistido por milhões de pessoas no mundo todo. Adolescentes entrevistados depois da sessão confessavam que, mesmo já tendo visto o filme várias vezes antes, voltavam para o cinema simplesmente para chorar. “É ótimo chorar, porque isso torna o filme bem mais agradável”, disse uma garota citada por Lutz.
Mas, afinal, chorar faz bem? “Certamente faz”, diz o psicólogo transpessoal Roberto Ziemer, de São Paulo. “Diversos problemas psicossomáticos e também episódios de depressão têm sua origem na repressão do choro. As lágrimas ajudam a pessoa não só a expressar suas necessidades, mas também a preenchê-las.” Chorar funciona como uma descarga física e emocional. O filósofo romano Sêneca já tinha escrito: “As lágrimas aliviam a alma”. E um antigo provérbio hindu afirma que chorar faz bem para a aparência (depois que o inchaço dos olhos passar, obviamente). Ou seja, chorar traz benefícios para o corpo, para a alma e para o humor.
De acordo com Tom Lutz, a maioria das pesquisas atuais sugere que, ao contrário do que se pensa, o pranto não acontece num momento de clímax emocional para desafogar a tensão. As lágrimas aparecem, na verdade, quando o organismo está se restabelecendo da profusão de emoções. Trata-se de uma reação pós-crise, de um mecanismo natural de cura. “Um bom choro vale mais que doses de tranquilizantes”, diz Guillermo Ruben. Portanto, luz verde para as lágrimas. Da próxima vez que sentir emoções fortes, abra as comportas sem culpa.