As Ondulações das Cegueiras Interpretativas
Entre o que é possível conhecer e o que é impossível, existem nuances as quais não somos capazes de entendê-las devida as suas complexidades.
Sentimos medo e saltamos na incredulidade. Mas permanecemos perplexos, sem direção e o silêncio costuma ser o princípio da mais profunda sabedoria.
Sendo desse modo, o caminho do entendimento, é a perplexidade que se realiza no mais sofisticado delírio. A mente se perde nas sobreposições de suas memórias.
Sentimos que abaixo de nós o solo afunda. Os nossos enxergares esfacelam-se, desesperados desapontamos.
O universo se fecha como não fosse possível o entendimento. Resta-nos a esperança que as explicações estejam equivocadas.
O mistério do mundo substancia-se nos sinais dos códigos de linguagem. A fala retrata-se de tal modo, que o entendimento transforma-se no mais absoluto delírio.
Sendo dessa forma, os normais procedem pela loucura, o verdadeiro mecanismo de funcionamento do mundo.
Os sábios ou gênios são considerados loucos. A lógica do mundo entende-se pelos cofatores das proporcionalidades.
Os verdadeiros doentes são as coletividades, criando as ilusões metafísicas, como se o universo tivesse princípio, portanto finalidade.
Separar a alma do corpo é retirar o corpo da vida, isso porque o corpo não tem alma, apenas matéria.
Portanto, sendo a mesma o princípio do espírito, que se define apenas como representação da linguagem.
Com efeito, a essência que fundamenta o erro é o mesmo que leva ao acerto, nas proporcionalidades das memórias diversas.
Significando que a ilusão substancia-se tão somente em recordações sintéticas parceladas.
Por quanto, como se fossem objetivados aos sujeitos construídos pelas particularidades adversas as complexidades idiossincráticas.
No entanto, quando o homem acerta nem sempre tem honra ao mérito, mas se errar costuma receber duras críticas e terríveis condenações.
Essa contradição é o espectro mais sinérgico da antidialética, desnecessária ao materialismo histórico. O mundo é necessariamente a projeção das sombras.
Dessa forma a razão cofatorizada ao determinismo, espera pela luz, mas contempla a escuridão, mergulha na cegueira como se fosse o Iluminismo.
Tudo porque o ser humano encontra-se como prisioneiro de uma grande caverna, e, está de costa para entrada principal.
Recebe a luz da abertura luminosa, mas o brilho do sol projeta-se como fossem trevas.
O homem encontra-se de frente para a parede, não consegue ver a extensão da luz, enxerga apenas o fundo obscuro e tenso.
A tensão é o mais absoluto produto do medo, como se sobre o ponto principal, apenas um pequeno círculo, acima dele a infinitude do azul.
Sendo assim, a razão é declarada incapaz de determinar os objetivos supremos da vida. O que deve orientar-se em reduzir tudo ao que se encontra a um mero instrumento de dominação.
O grande e único objetivo remanescente é apenas a perpetuação de sua atividade de coordenação, a interminável ignorância.
Tal atividade epistemológica, fora outrora atribuída ao sujeito autônomo. O que não existe no mundo moderno. A padronização do senso comum como substancialidade.
Mas a luz que entra na caverna, obscurece, cegando a razão. Entretanto, o homem contempla apenas o fundo.
O homo sapiens torna-se prisioneiro das paredes e das projeções do escuro. Como se a realidade fosse apenas o breu.
Desse modo, desconhece que acima do ponto, existem os fótons de hidrogênio e que a claridade do infinito é imensa.
O homem completamente cego contempla a escuridão. Sendo a natureza da alienação, o brilho dos olhos a ausência da razão.
O enxergar não depende do olhar, mas da complexidade de códigos de uma razão comparativa e dialética, no entanto, distante das possibilidades.
Com efeito, o homem mergulha serodiamente no abismo como solução terapêutica do seu antológico desespero.
O homem acostumado a não ver o brilho da luz, os reflexos que determinam as projeções dos seres que compõem a realidade.
Ao ver tão somente essas projeções, assume a ilusão que vê, ou seja, as sombras do real como se fossem a verdade da realidade.
Mas a realidade se define por um cone dentro da caverna, nos escombros de fundo escuro. O homem não consegue abrir os olhos, perde-se na própria luz.
Imagina a escuridão se como fosse o brilho da luz. Portanto, compreende a ignorância como sendo a sabedoria.
Dessa forma, age politicamente, para construção da Filosofia Iluminista contemporânea, estabelecendo as regras da própria ignorância.
Edjar Dias de Vasconcelos.