Tim Maia, o Filme?!

A Rede Globo de Televisão, conseguiu com bastante sagacidade a seu próprio favor é claro, conturbar o roteiro de um dos mais verdadeiros filmes biográficos, que se propõe a retratar a vida pessoal de celebridades, com fatos e relatos reais.

E tal atrocidade cultural aconteceu com filme que conta a trajetória da existência, de um dos mais polêmicos cantores populares do Brasil do último século Tim Maia, estrelado de maneira magistral e sem defeito algum na primeira fase (ainda adolescente) por: Robson Nunes e na segunda fase (adulto) Babu Santana (ator/cantor considerado o maior sósia de Tim Maia), com roteiro baseado nos livros Vale Tudo e o Som e a Fúria de Tim Maia de Nélson Motta, que aliás, prestou-se com seus depoimentos no “Documentário”, que a emissora colocou no ar promovendo como minissérie, a ajudar a criar a verdadeira “mixórdia”, em que se transformou o belo e transparente roteiro de Tim Maia O Filme.

Nitidamente, a intenção da Maior Emissora Do Brasil, era a de limpar perante o público, a imagem de mau caráter que aparece no roteiro original do filme, referente ao relacionamento do “Eterno” Rei Da Jovem Guarda, Roberto Carlos, (uma das maiores estrelas da constelação global) com Tim Maia, e isso com a ajuda além de Nélson Motta já citado, de depoimentos dos cantores Erasmo Carlos (contemporâneo de Tim e também representado no filme), Jorge Benjor, Eduardo Araújo, Fábio e Hildon (esses dois últimos, diga-se de passagem, muito mais deviam agradecer, pela existência de um Certo Sebastião Maia da Tijuca em suas vidas), visto que, são “conhecidos” e/ou relembrados no meio artístico/musical brasileiro, por apenas uma música cada um, (Stela e Na Rua Na Chuva E Na Fazenda, respectivamente).

O que a Globo fez com Tim Maia, foi fixar mesmo pós-morte, a imagem de “DOIDÃO, IRRESPONSÁVEL”, que infelizmente ele teve durante toda sua vida material, esquecendo-se da genialidade, competência, naturalidade, transparência e sobretudo o espírito de sobrevivência e determinação, do Jovem Negro Entregador de Marmitas Do Bairro da Tijuca, zona norte da cidade Rio de Janeiro, que não se entregou a nenhum percalço que lhe aparecia no caminho com a tentativa de desorientá-lo do rumo que ele tinha traçado para a sua vida, que era de ser um dos maiores representantes da música pop brasileira e porque não dizer, do maior responsável pela introdução do Sou Music (Estilo musical referenciado a música negra americana) no Brasil, abrindo as portas para muitos que vieram após.

Enfim, Tim Maia O Filme (o verdadeiro), merece continuar sendo assistido, principalmente pelos brasileiros mais jovens, que não tiveram a oportunidade de conhecer além do próprio Tim, (sem cortes, mostrando toda a sua irreverência, personalidade forte e os demais predicados e adjetivos que o cercava sem macular sua transparência e originalidade humana), outras personalidades referendadas e representadas em seu contexto, e que fizeram história no início da era televisiva brasileira, como Carlos Imperial, o início de carreiras como as do já citados Roberto e Erasmo Carlos, que se deu com a ideia de Tim Maia de juntar os três mais um amigo da Tijuca e lançar o Conjunto Vocal Os Sputiniks, de onde Roberto e Erasmo foram sacados por Imperial e lançados como cantores solos, e hoje reinam ainda soberbamente, tentando esquecer (talvez) que tudo começou com o rosnar furioso de um jovem gorduchinho mulato entregador de marmitas tijucano, chamado Sebastião, Tião… Tim Maia, o Primeiro e Único Síndico da Música Popular Brasileira.

Gutemberg Landi

06.01.2015.

Gutemberg Landi
Enviado por Gutemberg Landi em 06/01/2015
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