O Desenvolvimento da Ciência Medieval e sua Relação com a Contemporaneidade.

Foi necessária uma vinculação da herança helênica de Alexandria com o conhecimento arábico. Mesmo assim o desenvolvimento científico medieval foi sustentado no conhecimento teórico.

Procedimento valorizado pela tradição grega clássica. Portanto, desconsiderava as atividades práticas. Nesse aspecto, a Ciência continuava valorizando somente as questões do mundo da racionalidade.

Uma Ciência formulada descontextualizada do mundo técnico, distante da pesquisa empírica, sem instrumentos próprios para entender a própria natureza do tempo, do espaço e, sobretudo, da geometria.

Como entender a Matemática necessária para o desenvolvimento técnico do mundo empírico? Fundamentada apenas em numeração romana. Sem funcionalidade para divisão, soma multiplicação e subtração.

Realidade que só fora modificada no Renascimento, com a introdução da colaboração árabe, os números arábicos, possibilitando uma revolução na Matemática ocidental.

A partir desse momento, foi possível uma revolução técnica nas Ciências do ocidente o que culminou com Galileu, a introdução do método empírico. Com efeito, conflito desencadeado na inquisição, devido ameaça eminente a destruição aristotélica conservadora.

É nesse sentido que defendo a tese, que a criação dos números arábicos, foi um dos maiores acontecimentos da cultura árabe. Sem tal eventualidade a Ciência não teria desenvolvida na adoção do método empírico.

Mas qual o lugar da Ciência medieval hoje, a ser analisada. Motivo da recusa da empiria, outras explicações, sendo também devido o uso inadequado da Filosofia, como fundamento da razão metafísica.

Entender a fé racionalmente lógica da Filosofia como substrato da Teologia na justificativa racional da crença em Deus.

Entretanto, o modelo de fé cultural filosoficamente justificava o modo de Produção Feudal, o que sustentava o atraso da sociedade medieval.

Mas com a Revolução Comercial, possibilitou surgir no interior da sociedade Feudal, uma nova classe social, mais tarde denominada de burguesia.

O Estado Feudal sustentação do poder da nobreza e do clero, não ajudava o espírito liberal do comércio. Portanto, começou a surgir uma nova mentalidade cultural.

Com efeito, a cultura renascentista, que refletiu nas Ciências de modo geral, posteriormente, a Filosofia Iluminista, responsável pelo surgimento do Estado Moderno.

Hoje somos produto da evolução dos estágios culturais dessa nova epistemologia como sustentáculo do mundo contemporâneo.

Porém, antes para efetivarem as mudanças culturais e sustentar-se em novos paradigmas, foi necessária uma revolução cultural, lenta e gradual.

O que só foi possível num primeiro momento com a retomada do pensamento aristotélico, superado pelas diversas fases dos Iluminismos diferenciados em nossos dias.

A resistência anterior às mudanças era muito forte, ideologicamente, uma guerra entre duas classes sociais, burguesia e nobreza, ainda com a oposição do clero.

Portanto, a antiga Ciência sustentada na metafísica medieval foi veementemente contraria, a matematização do mundo, sobretudo, o uso do método empírico, sem os quais não seriam possível a evolução das Ciências da Natureza.

Do mesmo modo a resistência da Filosofia Iluminista, contrária ao materialismo histórico dialético, sem o qual não é entendível a consciência crítica da sociedade moderna.

A nova era não se faz na perspectiva da pós-contemporaneidade, sem a superação dos sujeitos históricos antagônicos. Burguesia e proletariado, como antes burguesia e nobreza, as contradições latentes das duas sociedades contraditórias históricas.

O que não significa a criação de um Estado Coletivista, antagônico ao Estado Individualista. Como refletiu o grande filosofo Aristóteles, a sabedoria está no meio termo.

A superação acontecerá na transformação do capital por parte do Estado, como uso social. Associando desenvolvimento econômico com desenvolvimento humano.

Essa revolução só poderá ser feita pelo Estado, não será efetivada pelo proletariado muito menos nem pela burguesia. Entretanto, por uma sociedade consciente e política.

Engana-se se como refletiu Thomas Piketty, em seu livro O Capital do século XXI. O capitalismo fruto do liberalismo puro, existe para concentrar renda e não para trazer desenvolvimento pleno social. Motivo da necessidade da revolução pelo Estado político.

Quando isso acontecer, na harmonização pelo menos relativo dos sujeitos históricos contraditórios, proletariado e burguesia. O Estado possibilitará então o nascimento da nova era. Que será denominada de pós-contemporaneidade.

Entretanto, anteriormente, ainda não solidificada a Filosofia Iluminista, foi necessário à retomada do Aristóteles remodelado, sem o qual não seria possível a concepção matemática do mundo, da mesma forma, o desenvolvimento da Física e da Astronomia Geocêntrica, completando a Revolução Iluminista.

Na passagem política de um modelo ao outro, teve que retomar Aristóteles remodelado, o que significa que o mesmo não era completamente ruim, pelo fato de ter sido o fundamento das Ciências medievais.

Portanto, a retomada do marxismo, não na sua complexidade epistemológica, na superação do atual modelo de Estado.

Do mesmo modo que a nobreza e o clero rejeitavam o Aristóteles reformulado. Por interesses econômicos, a burguesia condena a reformulação do marxismo em defesa de interesses particularistas do liberalismo.

Mas o movimento é contínuo, não tem como parar a História em um determinado tempo, forças políticas que comandam o Estado terão que fazer tal junção.

O novo momento histórico imporá tal necessidade, quando os interesses econômicos serão de certo modo compartilhados. Surgirá a nova era, entendida como pós-contemporaneidade.

Edjar Dias de Vasconcelos.

Edjar Dias de Vasconcelos
Enviado por Edjar Dias de Vasconcelos em 06/01/2015
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