Tide Hellmeister
Aristides de Almeida Hellmeister ou Tide Hellmeister, como ficou conhecido, foi artista gráfico, artista plástico e ilustrador. Sua trajetória profissional começou numa emissora de televisão, a TV Excelsior como assistente do pintor e cenógrafo Cyro Del Nero. Depois trabalhou na editora Massao Ohno e na gravadora RCA Victor fazendo capas de livros e de discos.
O seu trabalho como ilustrador é reconhecido como de qualidade ímpar. Em 1964 foi premiado na Bienal do Livro do México e dois anos mais tarde, recebe o Prêmio Leo na Argentina como capista de discos. Em 1973 é considerado o melhor artista gráfico paulista pela APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte). Entre 1978 e 1983 foi diretor e consultor de arte na Editora Abril. É novamente premiado pela APCA em 1989 por suas colagens. De 1990 a 1997 ilustra a coluna do jornalista Paulo Francis no jornal O Estado de São Paulo.
Suas colagens e inserções gráficas de tipologia e escrita são sempre muito expressivas e contundentes. Como no cartaz “Galo”, que realizou para Editora Gráficos Burti em 1992; cartaz comemorativo do ano da 2ª. Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente. Nele vemos a figura de um galo formado por recortes coloridos, pinceladas de tinta e riscos gráficos coloridos e com inserções, de cima para baixo, de duas linhas de frase no branco, que fazem referência à escrita à mão, escrita de cartas ou de assinaturas. Um fetiche contemporâneo, bem como todo o repertório de imagens que o artista utiliza como colagem e recurso plástico e gráfico. Um movimento da pata da esquerda para a direita faz o galo seguir na mesma direção do nosso olhar quando lemos na nossa escrita ocidental, reforçando a elegância e a fluidez da peça. Encima os dizeres Acrilicolagem, o nome de Hellmeister e a notação sobre a 2ª. Conferência das Nações Unidas separados por um fundo arroxeado, do fundo preto onde fica o galo, por um beiral em formas triangulares.
Mas o artista também sabia ser sutil e misterioso quando queria, sem deixar de lado a expressividade que era, talvez, sua maior marca. Como na ilustração para o livro de poemas de Otoniel S. Pereira, “Bichário”. Numa das páginas vemos a ilustração do poema “Gato” realizada com maestria sem igual. Um grande rasgo num fundo maior preto e também num fundo menor com um xadrez escuro e azul em perspectiva, revela dois olhos felinos, reforçados por uma nova inserção do focinho do animal logo abaixo. Encimados por uma pincelada amarela, a “moldura” ganha vida. E riscos arroxeados no meio e embaixo completam a composição com as inconfundíveis inserções gráficas de texto corrido escrito à mão em branco (na parte de baixo) e em roxo (na vertical à esquerda). O poema tem seu lugar garantido à direita embaixo em branco no fundo preto enquanto que o seu título vem mais acima em branco, num box vermelho.
“Eu sou um grude” assim se auto-definia, Tide Hellmeister que, certamente, fazia referência às suas colagens quando o disse. Mas o correto é que o artista não partia da vontade de fazer uma colagem quando iniciava um trabalho, mas antes, seguia sua intuição, aplicando diversas técnicas. E por isso utilizava o termo “collage”. Um dos ícones do cenário das artes gráficas nacionais e mundiais, o grande mestre teve em 2006 o lançamento do livro Tide Hellmeister, Inquieta Colagem sobre seu trabalho juntamente com um debate no Museu da Casa Brasileira em São Paulo. O artista faleceu em São Paulo, em 2008, nos deixando um legado artístico sem igual.