INFÂNCIA DIVERSIFICADA

Tendo a infância como um fato biológico e partindo do pressuposto de que ela é um período da vida humana que vai do nascimento até os 12 anos de idade, quando começa a adolescência, toda criança nascida viva e que chega aos 12 anos conseguiu concluir sua jornada no universo infantil.

Lamentavelmente a infância não é igual para todos. Muitas crianças são naturalmente, acidentalmente ou forçadas à privação da vivência e percepção do mundo. Manifestações simples que faz parte do universo infantil como enxergar, caminhar, correr, tocar em objetos, saborear certos alimentos, nem sempre são realizadas por todas as crianças, haja vista que, como disse antes, são naturalmente, acidentalmente ou forçadas a não poder. Pensemos, então, na questão socioeconômica de cada família, contexto cultural, geográfico, educacional, religioso etc. Diante disso, não há como afirmar que a infância é igual para todas as crianças. Assim, a infância é dependente do contexto social, econômico, cultural, educacional, geográfico e religioso de cada criança.

Como disse antes, a infância é um fato biológico, ora, toda criança, independentemente da classe social que ela pertença sempre vai ter infância, porque isso é um ciclo biológico e natural. Claro que umas com uma infância bem dinamizada (com recursos) e outras sofridas, precárias etc. E somente para reforçar, a infância de cada criança vai depender do contexto social, econômico, cultural, educacional, geográfico e religioso de cada uma.

Muitas diferenças há entre uma criança que nasceu há vinte anos e a criança que vive atualmente. Se pensarmos em tecnologia da informação, por exemplo, o mundo atual oferece às crianças um mundo vasto de opções. Claro, preciso frisar que tudo depende do contexto social, isto é, uma criança que nasceu numa cidade grande há vinte anos talvez recebesse bem mais informações e oportunidades de dinamizar a infância que uma criança que nasceu e vive em regiões isoladas atualmente. Como exemplo disso, em minha meninice, até meus nove anos vivi num sítio, totalmente isolado de todos e de tudo, depois dos nove, apesar de continuar morando ainda no interior, passei a morar no perímetro urbano, quando tive acesso a telefone, televisão e brinquedos confeccionados pela indústria. Até as brincadeiras, em grupos, eram diferentes.

Quem diz que “uma época, na qual, crianças podem trabalhar como adultos, consumir como adultos, partilhar das informações como adultos, não reconhecem o mundo infantil como diferente ou especial”, está correto, porém, engana-se completamente quem defende que “um mundo onde adultos e crianças compartilham da mesma realidade física e virtual é um mundo de iguais”. Não posso concordar, porque ainda que as crianças possam compartilhar de igual para igual com os adultos, são percepções diferentes, ou seja, o mundo infantil precisa ser especial, real, porém, mágico, uma espécie de encanto, senão a criança é expulsa do universo infantil e passa a ser simplesmente um adulto em miniatura.

Eu tive uma infância boa. Tive o privilégio de viver como muitas crianças de hoje gostariam de viver. Nasci numa fazenda, uma espécie de sítio, próximo a uma cidade do interior, onde pude entrar em contato com a natureza selvagem. Ali eu podia tomar banho nos tanques ou nos rios das fazendas, caçar, pelotar, brincar de gangorra, subir nas árvores frondosas, ver papai e meus irmãos na lavoura, lidando com o gado etc.. Bebia leite cru tirado na hora e, por pouco, não tomava diretamente nas tetas das vacas. Ah, meus carrinhos de barriguda! Tudo era mágico! Era tudo uma beleza! Naquele mágico pedaço de chão eu vivi a melhor infância que um indivíduo humano pode viver. Foi ali que eu conquistei os melhores amigos do mundo, bem como, eles conseguiram fazer morada no meu coração. Isso sim é infância para mim!

Gilson Vasco
Enviado por Gilson Vasco em 26/09/2014
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