Um incômodo de Verão
No rio, os dias quentes na primavera parecem tardes longas de verão, que somente se encerram quando surge a indesejável frente fria. Nem mesmo a noite parece noite, é tão dia como qualquer outro dia de uma estação qualquer.Em qualquer lugar é fácil encontrar alguém pronunciando aquela famigerada sentença: -se agora tá assim, imagina no verão! Os grandes entusiastas da carioquice, alegam que essa é a época do ano em que a temperatura, desponta a exótica beleza da cidade de forma intensa! Tudo se enche de vida, beleza, e envolvimento - é uníssono, carioca gosta de vida solta, leve, informal.
A praia é um templo em que peregrinam, pessoas de longe, estrangeiros ( aqui definidos como gringos), classe média, suburbano, bacana, surfista, marombeiro, boazuda etc. Enfim uma diversidade de corpos e pensamentos ocupando espaços que servem a todos tipos de públicos, aí você pensa mas nem todos tem as mesmas oportunidades, eu até concordaria se fosse exclusivamente a moradia, saneamento, renda ( coisa que qualquer mortal assalariado das grandes metrópoles precisa), mas se tratando de diversão é bem diferente.
Tirando espaços familiares de alto luxo, ou restaurantes onde se prese a famosa etiqueta social onde ainda deve existir algum incauto que pense que o último hit do verão é o bonde do tigrão, todos os cantos da cidade são permeados por gente qrendo diversão.
De um bistrô em ipanema, à um botequim com televisão e antena vhf, com um caraoque na porta em bangu, todos querem diversão, por pouco: usam bermuda, chinelo, boné e tomam o choppinho na mesa do bar, ou até na calçada. Chega a ser bizarro pensar que com o calor que se faz, tenha alguém pensando em trabalhar mas se trabalha e muito!
Se estuda e muito, vai se ao médico, paga-se dívidas, e claro - aos que não conseguem pagar dívidas, sobra-lhes o SPC, pedir dinheiro em financeiras miraculosas, ou pra sogra. Claro, aqueles que tem dividas junto ao mercado negro do tráfico, rapidamente se tornam manchete nos tablóides policiais. Mas deixemos de tristeza! Vamos a praia! Ou aos trens da supervia. Vamos jogar frescobol! Ou tentar jogar o lixo pra fora na esperança do caminhão laranja passar.
O rio continua...bizarro, a galera usa pouca roupa no arpoador mas se veste como um alto funcionário do parlamento europeu na Cinelândia. Alguém explica, Froyd, Levi-Strauss, Dicró?