MONCKS, A CONSOLIDAÇÃO DA METÁFORA...
MONCKS, A CONSOLIDAÇÃO DA METÁFORA NO RECINTO DA ACADEMIA RIO-GRANDENSE DE LETRAS
Luciana Carrero (*)
O dia 28 de agosto de 2014 foi especial para as Letras do nosso Estado, tanto quanto para as do Brasil e do Mundo. Imortalizou-se mais um escritor: Joaquim Moncks. Do interior, representado pela sua terra natal, a nobre e tradicional Pelotas, no Rio Grande do Sul, projetou-se além-fronteiras dessa sua origem. E o mundo passou a contar com um mestre, por excelência. Líder inconteste no associativismo e baluarte da confraternidade que semeia entre os seus pares e ímpares, porque a todos busca com suas mensagens de paz. Quando o menciono como escritor, tenho esta definição no conceito do mais alto grau institucional do ofício. Sabemo-lo poeta, ensaísta, tutor literário, conferencista, declamador, articulista, mestre de oficinas, e outros inúmeros dons e dotes, como bem mencionou seu padrinho, no belíssimo discurso de apresentação. E, por um capricho do destino, coube-lhe a Cadeira de um patrono, como Ele, também militar.
O Salão do prédio histórico do Ministério Público, na Praça dos Três Poderes, em Porto Alegre, RS., engalanou-se para nos receber, como amigos e admiradores, inflados de contentamento e emoção, pela graça de estarmos presentes ao momento em que o nosso amado Poetinha foi ungido para ocupar uma Cadeira da nossa centenária academia, por onde passaram e passam vultos que deixaram e deixarão um legado e um exemplo de vida para as novas gerações lítero-culturais. E Moncks soube e sabe registrar, com realeza, seu legado.
Os humanos, quando nascem, são impulsionados pelos sentidos da espécie, de um modo natural e necessário. No estágio primevo se manifestam, da forma possível. Neste ambiente, onde os instintos falam mais alto, começa a estranheza, ao vivenciarem e comunicarem-se com o meio. Do gutural em diante, tudo é aprimoramento. E as ideias vão se formando. Não podemos prescindir do outro, que nos ampara e encaminha, cada um ao seu modo. Entretanto, quando já se encontra mais aparatado, o homem começa a construir a sua história. Mas lá no seu âmago, as diretrizes estão latentes e as escolhas, dentre elas, são suas. Ninguém nasce escritor, no sentido corpóreo, com a pena nas mãos. Porém a alma já começa a escrever. Depois disso são consequências. Então aprende a se expressar pelas letras, ou ainda por outras artes e ofícios. Uns com maior ou menor intensidade, ou enlevo; outros com a profundidade e a responsabilidade de Joaquim Moncks.
Mas falando especificamente deste novo acadêmico, este menino vigoroso que cresceu, intelectualizando-se cada vez mais e conservando o foco nos seus ideais, venceu e recebeu, neste dia, o merecido laurel, o qual representa o reconhecimento e a coroação, não só por parte da instituição acadêmica, como também da nossa sociedade, onde o escritor deixou marcas de sua benéfica atuação pelas sendas percorridas; que passa e passará, nas metáforas da contemporaneidade e da imortalidade.
Todos podem notar que aqui neste texto não mencionei nenhum outro nome, a não ser o de Joaquim Moncks, nem em termos comparativos, nem por questão histórica. Porque aqui se trata de homenagear a Ele, no seu dia especial que pudemos testemunhar. Outros dias serão para os outros que o mereçam, à sua vez.
Joaquim cresceu, contou primaveras, verões e todas as estações, mas permanece o mesmo menino em pureza e dedicação à arte de escrever. E é o autor centrado na confraternidade, que vê a literatura como um dos caminhos naturais para um mundo melhor. E disto faz ponto de honra. Sabe que as artes são o caminho mais curto, de coração a coração. Ele quer atingir-nos suavemente na alma, como um apóstolo da nova era.
Apesar de estar preparado há dezenas de anos, só adentra hoje aos portais da maior casa de cultura do nosso Estado. E todos nós esperávamos ansiosos a sua entrada triunfal. Mas veio na hora em que estava predestinada para vir. A demora talvez tenha dado mais prazer à “nossa” conquista, visto que Joaquim é um pouco de nós, e mais, como ele mesmo diz sempre, e repetiu, neste significativo evento, ele é muito de nós, pois tem a humildade de considerar-nos partícipes da sua vitória.
A emoção brotou das nossas almas. As lágrimas verteram dos nossos olhos, para marcar esta realidade. Mas não foi um pranto e sim a expressão de algo invisível, que pode até ser uma metáfora dos nossos corações enternecidos e comovidos.
O Poetinha também chorou, lágrimas que, com dificuldade conteve, a fim de poder começar e continuar seu discurso, que terminou numa apoteótica declamação que nos purificou a alma e fez sentir-nos grandes como o homenageado, somente pelo fato de estarmos ali, compartilhando seu status de glória.
Moncks, através da arte literária, que cultiva em todas as formas, com maestria, denomina a todos os leitores como o outro lado da moeda do escritor, o interlocutor, o poeta-leitor que é a face oculta do seu poema. Por todas suas qualidades, por toda sua obra, pela magnanimidade de um ser humano de imensa e lírica expressão, merece o nosso aplauso e, mais do que isso, o amor filial das nossas almas encantadas. E mereceu a Academia Rio-Grandense de Letras. Hosanas!
(*) Produtora cultural, reg. 3523 – LIC, SEDAC/RS)
http://www.recantodasletras.com.br/artigos/4951195