FOLCLORE E CULTURA POPULAR
(*) Edimar Luz
O dia 22 de agosto, é a data em que se comemora o Dia do Folclore, e, por esta razão, faço aqui um sucinto comentário, enfatizando também de forma crítica, a situação atual por que passa a nossa cultura popular em âmbito regional ou local.
Convém lembrar, antes de tudo, que folclore é o nome que se dá ao conjunto de atividades, conhecimentos e costumes que pertencem à cultura espontânea de um povo. Em suma, é tudo aquilo que se refere à sabedoria espontânea de um povo, como diz o sentido etimológico do termo. Assim sendo, é importante perceber que cada povo tem uma cultura própria, que equivale dizer seu modo de vida. E, como sabemos, à medida que cresce, cada indivíduo é concomitantemente socializado para interiorizar esta cultura, isto é, aceitar como sua aquela cultura da comunidade na qual se acha inserido. A esse processo damos também o nome de endoculturação. Desde que nasce, portanto, o homem é logicamente influenciado pelo meio social em que vive.
É preciso que providências prementes sejam tomadas, e que alguns esforços sejam feitos, no sentido de se resgatar a nossa cultura popular, a exemplo do grupo de Reisado de Ipueiras, que teve a participação fundamental da UNA, União de Amigos, que era uma entidade composta por membros das famílias Luz e Araújo, estirpe da nossa comunidade.
Na verdade, desde criança tive a oportunidade de assistir a várias apresentações do nosso grupo de Reisado, aqui mesmo no Bairro Ipueiras, naquelas alegres noites folclóricas. Desde então, pude verificar e constatar a beleza e a importância das manifestações culturais de um povo, sobretudo quando dotadas e impregnadas de originalidade e/ou autenticidade, numa consonância quase indescritível.
Cumpre lembrar também que o Reisado de Ipueiras, também denominado de Reisado de Damas, é indubitavelmente um exemplo das manifestações mais autênticas do folclore nordestino, tendo já feito várias apresentações em outras cidades piauienses, e até mesmo na capital do Estado, há algum tempo atrás. E teve também, uma participação muito importante por ocasião das comemorações do centenário da cidade de Picos, em dezembro de 1990, no centro da cidade, sendo bastante aplaudido pelo público presente.
Deve-se dá continuidade à cultura; não apenas à cultura erudita, é óbvio, mas também à cultura de caráter popular, para que as diversas gerações não venham a perder a sua integridade comunitária e a sua identidade. As gerações presentes nunca perdem totalmente as suas raízes com as gerações do passado. Todas as modalidades ou tipos de manifestações da cultura popular merecem destaque e devem ser preservadas, seja o reisado, a dança de São Gonçalo, as quadrilhas juninas, o cordel e todos os outros. O folclore, que é o termo mais apropriado para exprimir o exposto acima, é de fundamental importância na vida das comunidades.
Entretanto, deve-se observar que algumas facções da nossa sociedade encontram-se submetidas ou são adeptas apenas de estrangeirismos modernos, ou mesmo “modernismos” nacionais, que funcionam como verdadeiras substâncias letais para a nossa cultura popular, que mesmo em meio a esse turbilhão de adversidades, procura engendrar uma forma de sobreviver ou de se perpetuar, ou ainda, de conseguir sua continuidade através das gerações. A nossa cultura popular jamais deverá ser considerada como algo ultrapassado. Cultura é vida!
(*) Edimar Luz, é escritor/cronista, poeta, contista, articulista, memorialista, compositor, professor do ensino superior/universitário e do ensino médio) e sociólogo, formado em Recife – PE.
Autor dos livros: “Memórias do Tempo”; “Poesias e Canções”; “Rio Guaribas: Lembranças e Histórias( de um rio)”; “Sonetos”; “Pequenas Histórias do Meu Sertão de Antigamente”; “Homenagens”; “pensamentos Meus”; e “Crônicas”. E mais de 500 artigos publicados, desde o ano de 1993, na imprensa: Revistas, jornais e sites/portais...
E mais de 300 composições próprias (Letra e Melodia/Música).
Picos - PI, 18/08/1994.