A perda de Robin Williams
A morte de Robin Williams entristece não apenas porque o público foi privado de um grande ator, que fazia com igual maestria drama e comédia ou porque ele cometeu suicídio, o que demonstra o seu estado de desespero emocional nos seus últimos tempos, mas também por ele ter sido mais uma vítima das drogas e do álcool, contra cuja dependência lutava há anos. A sua trágica perda nos ensina que as drogas e o álcool não escolhem vítimas e ninguém está livre do seu poder destruidor. Podem atingir pessoas inteligentes ou não, jovens ou maduras, homens ou mulheres, ricos ou miseráveis e, no meio artístico, pessoas brilhantes como ele ou nem tão talentosas.
No meio artístico, principalmente o da música e dos artistas de cinema, as drogas são extremamente banais e é difícil, quase impossível, não encontrarmos alguém que já não as tenha, pelo menos experimentado, e tal fato nos leva a perguntar por que os atores, atrizes, diretores, produtores e tantos outros profissionais desse meio mergulham em experiências tão destrutivas, que, quase inevitavelmente, farão com que entrem em um caminho que pode não ter volta. E também nos perguntamos a razão de alguns conseguirem se libertar enquanto outros sucumbem, como Robin Williams, Marilyn Monroe e muitos mais.
Não nos cabe dizer que Robin Williams não conseguiu por ter sido fraco ou não ter tido força de vontade, afinal, não sabemos quais eram os abismos de sua alma, as dores que enfrentava e que achou que não era mais capaz de suportar. Talvez ele estivesse cansado de lutar, achasse que não valia mais a pena, pois já tentara de tudo e não vencera, concluindo que a toxicomania era mais forte do que ele. De fato, os vícios nos dominam, transformam-nos em seres sem vontade própria. Passamos de seres humanos a bonecos sem vontade, vivendo apenas para satisfazer a um vício perverso que nos controla, dando a impressão de que há um espírito em nossos corpos, comandando nossa vontade e nos afastando dos que amamos, da nossa vida e da nossa personalidade.
Porém, o sofrimento proporcionado pelo vício e problemas emocionais não diminuíram o brilho de Robin Williams, que nos brindou com interpretações comoventes como a do professor de Sociedade dos Poetas Mortos e engraçadíssimas como a do pai que se veste de senhora idosa em Uma babá quase perfeita. Prestemos as devidas homenagens a esse ator inesquecível e que, ainda que tenha sido derrotado, lutou enquanto pôde.