PAIXÃO, HÁLITO, PALAVRA

Existe melhor relato do cenário da paixão do que o poema? É nele e por ele que se subscreve o relato das sensações do corpo, muito pouco do espiritual, e, sim, o animalzinho carente de toques que reside sonegado em cada pessoa. No poema vivificam amor e desejo. Bendita hora do ato-fato do amar. É pela paixão que restam vencidos alguns medos transados na hora da explosão. É também por ela que aparecem outros tantos temores, inquietações, angústias. É nela, pelos incontidos e sempre bem-vindos jogos do amar, que se pode aturar a largueza dos dias. Tantas esperas que se tornam inconsistentes para o sentir e seus registros: altos e baixos. No espiritual resistem nuanças do poema e suas gambetas – palavras e hálitos. Paixão pejada de sentimento, frágil e temerosa qual um inseto. Acaso negaceada em suas inquietudes e ânsias, quiçá ofendida, vira um dragão expelindo fogo. Vale tudo em defesa do que parece ser dos domínios do amar.

– Do livro POESIA DE ALCOVA, 2014.

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