Rapadura: De Doce a Bagulho
Rapadura: De doce a bagulho
Quando eu era criança, rapadura tinha valor, e era vista como um maravilhoso tipo de doce. Lembro-me que minha avó enrolava pedaços de rapadura em um guardanapo, amassava-os com a trave, que usava para fechar a porta de sua cozinha, e em seguida, todos comíamos, celebrando assim, a alegria daquele momento. Lembro-me também, que a rapadura não podia faltar na feira de um agricultor.
Atualmente, com a ascensão social em que vivemos e com a criação da Classe C,esse produto alimentício foi extinto do armário do homem rural, que era quem mais o consumia. Tudo ficou mais acessível, e doces de diversos tipos são vendidos nas bodegas, que antes, eram conhecidas por venderem rapaduras.
O declínio desta mercadoria comestível, talvez esteja associado ao novo estilo de vida dos nordestinos, ocorrido especialmente na Zona Rural. Ninguém gosta mais desse produto e ele é quase desconhecido pela nova geração. Algumas pessoas têm preconceito e discriminam a rapadura, que outrora foi extremamente apreciada pelos nossos pais e avós.
A rapadura faz parte da nossa cultura e sempre esteve presente no contexto sertanejo, é saborosa e nutritiva, já que nos faz aumentar o sangue, prevenindo-nos assim, de anemia. É lamentável que hoje, ela esteja sendo vista pela maioria das pessoas, como um bagulho, ou como algo fora de moda.
O consumidor contemporâneo não conhece, ou não reconhece este produto, porque com os avanços ocorridos, em nossa sociedade, o açúcar mascavo, em forma de pequenos tijolos, como é definida essa mercadoria, pelo dicionário Aurélio, ficou para trás, num tempo ultrapassado e distante. As pessoas mudaram, evoluíram, e não houve mais espaço para esse gênero alimentício.
A rapadura ainda é comercializada, embora esquecida até mesmo por aqueles que um dia a estimaram.