Saudade
Saudade
Boas ou más, as recordações fazem parte das nossas vidas. Há quem diga que recordar é viver, há quem afirme que recordar é sofrer duas vezes, entretanto, não há vida sem lembrar e sentir saudades.
Às vezes, é bom ser um pouco saudosista. Tenho muita saudade da época em que eu tinha treze anos, possuía uma boneca chamada Leila, um cachorro chamado Pink e assistia a uma novelinha denominada Luz Clarita. Talvez minhas únicas preocupações fossem fazer uma roupinha bem linda para a boneca, ou alimentar o cãozinho Pink e não perder nenhum capítulo da citada novela.
No inverno, no verão, no outono e na primavera, eu era feliz e estava sempre brincando. No alpendre da casa de minha avó, a balança da família, usada para pesar o algodão, era o parque de diversão da boneca e o velho angico, o cenário do programa de TV, apresentado por Leila.
Quem não tem uma reminiscência igual a essa, dos tempos de criança, para lembrar com nostalgia? Todos nós temos vontade de voltar ao tempo e reviver essas lembranças, no entanto, sabemos que é impossível. A vida anda para frente e o que passou fica eternizado nos anos que ficaram para trás. Anos vividos, anos passados, anos felizes.
E dessa forma, só nos resta recordar. De acordo com o poeta Vinícius de Moraes, fomos feitos para lembrar e ser lembrados. E ele tinha razão. É bom ter do que rememorar. É algo que faz parte da trajetória humana. Como diz o rei da música popular brasileira, Roberto Carlos: “Se chorei ou se sorri, o importante é que emoções eu vivi”.
Ser feliz é aproveitar os momentos mais simples e guardá-los na mente e no coração, para um dia, ter do que lembrar e ver que valeu a pena ter vivido e lutado. Portanto, devemos nos permitir recordar nossos tempos pueris, que não serão mais repetidos, todavia, servirão de estímulos para quando estivermos cansados ou deprimidos, lembrarmos que um dia fomos felizes e acreditar que ainda poderemos ser.
Socorro Sarmento