O Diálogo das Metáforas.
Nietzsche.
Todos os dados são conhecidos; os elementos que constituem o universo são números de combinações entre eles e não têm significação.
Edjar.
Só o tempo poderá ser eterno, cada instante traz a marca da eternidade, o universo é movido por lógicas sem razões de serem.
Nicomedes de Itapagipe.
O único fundamento é ausência de qualquer explicação ultima, o mecanismo do universo define-se por princípios misteriosos.
Edjar.
O todo não se define, as coisas são as mesmíssimas. A bíblia é um conto de fada. Exagero de uma razão que nunca fora prevista pela natureza para o seu surgimento.
Platão.
Fingira que ouvira Nietzsche refletindo consigo mesmo, sou um pensador de respeito. Tentei desmascarar os fundamentos dos mitos, daqueles que oprimiam e usavam o poder político para atingir interesses econômicos. Nunca acreditei nas reminiscências.
Como fizeram governos gregos, posteriormente os imperadores romanos, se fui usado pela maleficência do império, a culpa não poderá ser atribuída a mim.
Sou uma pobre estátua perdida nesse deserto sem direito de defesa igual a você Nietzsche e aos demais sábios. Fomos utilizados aos domínios do poder político, particularmente de Roma.
Nietzsche.
Com complacência, compreendeu e pediu desculpas, não poderia ser diferente, um grande homem se faz igual a todos em qualquer circunstância.
Era o momento de parar de condenar, o espírito precisava ser maior que a alma, o silêncio precisaria escrever outra substância diacronicamente, é necessário o medo da deformação acadêmica.
Os medíocres têm rosto realmente de estúpidos, são por essência os falsários das apodíticas leis de natureza epistemológica. Sem axiologia naturalmente, não poderá ser entendido o mundo, imaginava-se a estátua alemã.
Arthur.
Naquela altura o irônico Arthur, não suportava nenhum argumento, não apenas a respeito de Hegel e desaforadamente soltou uma garfada de arame, querendo naturalmente atingir Nietzsche.
Uma Filosofia que no fundo prega o nada é digna de hospício, em qualquer lugar do mundo, seja qual for o filósofo.
O alemão apenas ouviu e Sartre comportou como não estivesse presente ao mundo das estátuas. Todos sabiam que as provocações continuariam.
As demais estátuas estavam interessadas em ouvir o gênio da Filosofia do final do século XIX. Queriam que falasse sobre as ilusões do conhecimento.
A respeito da verdade, como viabilidade da miopia, a sensibilidade comparativa, os filósofos entenderam perfeitamente.
Nicolau de Cusa.
A essência das coisas, o que é a verdade dos entes, inatingível na sua pureza, buscada por todos os filósofos, mas por nenhum deles encontrada na sua totalidade.
Edjar.
É que infelizmente não existe a totalidade de tal modo, muito menos a particularidade, a única existência possível e a complexidade inapreensível ao espírito humano.
Nicolau de Cusa.
Quanto mais profundo formos doutos nessa ignorância, tanto menos teremos acesso à realidade mesma.
Nietzsche.
Nietzsche, então disse: em um determinado momento da vida, estava disposto a combater o idealismo da metafísica platônica que infelizmente transformara esse mundo em algo inferior e sem sentido.
Ilusório em nome de uma verdade ideal inexistente, para um mundo ideal, fora da realidade.
Inverteram-se tudo para criar os valores éticos que nunca foram éticos, naturalmente que a favor dos que dominam.
Isso aconteceu numa junção pervertida da Teologia e da Filosofia, a partir das tradições judaicas, naturalmente helenizadas.
Edjar.
O cristianismo tornou-se um novo platonismo, uma nova utopia para um corpo, sem alma e sem perspectiva na história.
Nicomedes de Itapagipe.
Dessa forma fez se a História completamente sem sentido, oca, desnecessária, praticamente fóssil, perdida na subjetividade.
Edjar.
Em última análise, uma história cheia de ebriedade, perturbada etimologicamente refutada. Essa foi à notória crítica.
Nietzsche.
Nietzsche levanta a voz no meio de tantas estátuas, carcomidas pelo tempo. Sem possibilidade de serem reformadas e disse: O meu anticristo não é contra Cristo, mas contra a cultura que o império criou em sua falsa formulação cristológica.
A grande culpa foi de Platão, do oportunista Constantino e de Santo Agostinho, o mundo dos deuses é a diabolicidade dos padres.
Papado de Roma.
O papa Urbano VIII, disse a Alexandre VI, nesse momento estou entendendo a história, entretanto, tarde demais para o Vaticano.
Nicolau de Cusa.
Da verdade pode-se afirmar tão somente a incognoscibilidade em relação aos parâmetros humanos.
O infinito anula toda diversidade entre o mínimo e o máximo, entre a afirmação e a negação, não se compreende a complexidade.
Nietzsche.
A luta contra o dualismo a resignação das pessoas pobres, humildes, motivo pelo qual lutei contra a religião diante da ilusão da criação da alma.
A divisão entre o corpo e a alma, terra e céu, paraíso e inferno, sempre foram falsificações ideológicas, para aqueles que estão de passagem na terra e não tem futuro nessa breve estadia, a não ser acreditar em outra vida.
Edjar.
Todas as leis são físicas e naturais. O recomeço é a essência do único movimento. O eterno repetir dos elos que são eternamente velhos.
Nicomedes de Itapagipe.
Apesar da imaginação intuí-los como novos, o homem do futuro é a repetição do momento, dessa forma retrospectivamente. Essa é a lógica da ressurreição.
Kardec.
Também da reencarnação, entendi tardiamente aqui nesse mundo de estátuas, com as explicações da Biologia evolucionista formulada por Darwin.
Nietzsche.
O Vaticano sempre criou um Deus odioso, como forma de amedrontar os fracos concentrando poder e riqueza, vendia o céu para os imbecis através da confissão e do perdão.
Edjar.
Como se o inferno fosse o terror da humanidade. O diabo uma criação necessária ao domínio, sua imposição tornou-se o mais profundo constrangimento.
A forma para acumular poder e dinheiro. Aqueles que não acreditavam nessa parafernália fogueira neles.
Edjar.
O mundo é uma grande encruzilhada cercada por fortes portes. Quem não souber saltar sobre os mesmos ficará preso em seus bastidores, a cegueira mostrará o significado do horror, sobretudo, metafisicamente.
Sem compreender a lógica perversa do próprio mundo, daqueles que têm o poder institucional. Tenho medo dos três poderes.
Nicomedes de Itapagipe.
Qual é a lógica a não ser transformar o poste em uma armadilha. Tudo é uma grande armação, até mesmo os gestos mais benevolentes.
Edjar.
Se os fundamentos não sustentassem na razão Lex sit aliquid pertinens ad ratione, não sendo dessa forma, a lei torna-se a sua iniquidade. Magis esset iniquitas quam lex. A razão tem a sua própria lei. Aos interesses dos domínios ideológicos.
Nietzsche.
A finalidade de cada pessoa e enganar o outro, o mundo não existe para ajudar ao homem. O desejo a mais absoluta vontade da realização do sucesso próprio, que não venha com generosidade.
Dessa forma realiza-se o mundo particular de todas as pessoas. O homem busca tão somente privilégios e para tal formula abstrações fundadas em falsas ideologias incluindo as humanistas.
Croce.
Somente a Filosofia deve não ser historicamente determinada. Fora da história parece existir, em particular, o pensamento metafísico.
Edjar.
A grande questão que existem diversidades delas.
Husserl.
Não existe limite à capacidade de duvidar. A fenomenologia propõe uma duvida sistemática em relação as teses especificas.
Nietzsche.
Deixo claro para o mundo das estátuas que Cristo é uma coisa o cristianismo outra, sem ter muito a ver com Cristo.
Usaram inclusive o seu nome de forma ideológica, para passar os valores da moral do império. O poder romano a perdição do mundo.
A respeito de Cristo, ele não passava de um bom romântico, que desejava mudar o mundo, a partir do seu desejo de justiça, mas sabemos que com a justiça em um mundo de maldade, não se modifica absolutamente nada.
Obviamente uma lenda, inquestionável, pois se tornou o fundamento do poder econômico e a perspectiva daqueles que não poderão ter poder.
O império pregava bondade e mandava em nome do amor, sapecar na fogueira seus opositores: entre nós encontram-se várias estátuas como provas, em particular o meu amigo, Padre Giordano Bruno.
Foi queimado pela ferocidade dos papas. Só porque ele disse o ser o infinito, infinito, quando apenas Deus poderia ser infinito.
Também por afirmar, que não existe céu e inferno e que a alma fora do corpo, não seria materializada, por esse motivo não teria como ser punida, pois a força de Deus seria fraca diante da sua imaterialidade.
Edjar.
É só verificar o que obrigaram fazer com o fundador do cartesianismo, Descartes, com medo reformulou o seu racionalismo, para escapar da lenha amontoada no quintal do Vaticano.
Os papas em suas ignorâncias adoravam assar os sábios. O diabo teria sido mais piedoso. Os homens de poder não conseguem desenvolver a prática do amor.
O pobre Menocchio nunca fora sábio, mas sonhava com o espírito da liberdade, sapecado sobre o carvão do Vaticano.
Schopenhauer.
Foi sempre dessa forma explicava o filósofo ao mundo das estátuas, exigir da força que não se manifeste como força, que não seja à vontade de subjugar.
Vontade imponderável para massacrar os fracos, o desejo de dominar, a grande sede de eliminar os inimigos.
Objetivo do poder é a vingança, realiza-se pela instituição por diversos modos, ataca principalmente aos proletários que elegem politicamente seus algozes.
Mas qual é a fonte do poder, sua legitimidade a não ser a ideologia da instituição. Com efeito, é apenas uma mística ideológica.
Absurdo exigir da fortaleza que silencie como desejar que a fraqueza manifestasse como força, impossível.
Nietzsche.
Inicia-se a comparação, como querer que os cordeiros não guardassem rancor das aves de rapina. Não se deve supor que nisso não tenha razão. Que o forte não comporte como forte e que o fraco comporte como forte.
Edjar.
Nessa análise, bom é quem extravasa a própria força e ruim quem é rancoroso; ótimo é quem não hesita em por se a prova enfrentando o perigo, desejando a luta, ruim é quem não é digno de participar dela.
Nietzsche.
Em suma em comparação ao mundo político, boas seriam as aves de rapina e ruins os cordeiros. Metáforas das ideologias comparativas do liberalismo econômico.
Nietzsche.
Qual a comparação lógica entre os dois mundos, a respeito da lógica humana, fracos aqueles que deixam o político transformar numa ave de rapina.
Edjar.
Fracos são todos aqueles que sem motivo transformam-se num adorável cordeiro, servem-se apenas para serem transformados em saborosos pratos.
Nietzsche.
Magnífico é o mundo dos fortes. Viver disse a estátua de Nietzsche a Feuerbach é essencialmente apropriar violar o direito alheio.
Marx.
É fundamental uma revolução proletária.
Paulo Freire.
Como? O ideário de um pobre é ser um dominador, igual quem lhe colocou na condição de escravo.
Edjar.
Prática procedente a burguesia, a classe política coveiro de luxo do capitalismo.
Nicomedes de Itapagipe.
Viver é o domínio do forte sob o fraco, permitido pela fraqueza pelo espírito idiota, a coletividade social.
Marx.
O pior aquele que imagina ser de classe média quando sequer é pobre, aos auspícios de uma ideologia.
Sartre.
Mas a respeito da natureza humana, dado a ausência de a metafísica vir a ser o movimento de Heráclito, não deságua no ser, mas no nada.
O que determina em última instância é a ausência de sentido, a falta de finalidade para o mundo.
Edjar.
Estamos condenados a viver, não temos escapatória, sem nenhum objetivo, tudo que fazemos não tem finalidade. O que existe é a ideologia de uma idealidade imaginária, como se tudo fosse real.
Darwin.
Vivemos apenas uma vez, as demais oportunidades são repetições genéticas, a vida é uma passagem pendularia.
Nietzsche.
Somos obrigados a amar o insignificado da nossa trajetória. Que coisa impressionante disse Aristóteles, jamais teria pensado nessa possibilidade mistificadora do mundo.
Edjar.
O mundo sem Filosofia leva as pessoas a viverem a mais profunda ignorância, transformando-se em seus verdadeiros inimigos.
A mentalidade cultural ingênua serve exatamente para destruição. Quem morre, assassina a si mesmo. Imperceptivelmente.
Autor: Edjar Dias de Vasconcelos.