A PANDEMIA DO MODISMO
Gira pião!
Sobe balão!
Acende a fogueira,
Que é festa de São João!
Que saudades do cheiro do pó de minha rua que ainda aguça a minha memória.
Que bondade poder dizer que vivi esses áureos tempos!
Tempos da minha envelhecida São Paulo sob a claridade do lampião a gás.
Brincar de botão, dar um peteleco na bolinha de gude. Tudo foi tão real e mais leal que esse mundo virtual de hoje. Era o tempo das ondas Moduladas do Rádio, longe dos Gigabytes.
Fui criança sem essa pandemia do modismo das marcas tal e tais, que criaram um verdadeiro “apartheid” entre os jovens de hoje.
Hoje o sonho de consumo e de status, mesmo de barriga vazia e mente oco é ter um telefone celular com a marca da maçã mordida.
Hoje a praça de minha rua não há uma trave de futebol e, nem muito menos, meninos e meninas brincando. Ela é vazia! Vez ou outra, um velho só num banco qualquer.
Pergunto-me: Será esse o futuro que ninguém mais lê, no mínimo, um Monteiro Lobato? Uma poesia de Pessoa?
As cartas de hoje viraram e-mails frios sem conteúdo, sem o ritual de uma caneta, um envelope, um selo....
As fotos estão longe do velho prazer de serem reveladas! São tiradas e deletadas.
Dizem que tudo isso é o futuro. Será mesmo?
Uma senhora me disse outro dia:
Meu filho: - Quando o mundo perceber que o amor e o carinho pelo próximo não cabe num chip é certo que a roda será reinventada.