Discos Voadores, Iaras e Botos.
Astrônomos anunciam a descoberta de um planeta com características muito parecidas com a nossa terrinha. Batizado Gliese 832c, o nosso vizinho celeste fica distante de nós apenas 16 anos-luz, distância considerada muito pequena em termos astronômicos!
Muita gente boa continua dizendo que já viu discos voadores rondando nosso aguerrido planeta, terra de riquíssimos jogadores de futebol. Eu nunca vi, nem nunca ouvi dizer que algum desses grandes astronautas, diretores de laboratórios astronômicos com seus possantes telescópios, nem grandes astrônomos dizerem que já viram. O que eles dizem é que é muito pouco provável que só a terra -- este zero pequenino no dizer do velho bardo Shakespeare -- seja habitada. E que há, isto sim, muitos milhões de planetas habitados neste universo sem fim, mas que é muito difícil vencer distâncias tão astronômicas. E que, vencidas tais distâncias, os tais discos fiquem escondidos por aí, com medo da gente e de amores com botos e jacarés.
Vários amigos meus, corajosos pilotos e outros tantos militares da minha querida Força Aérea Brasileira, dizem e chegam até a jurar! - que já viram tais discos saindo apressados das águas do Rio Guamá, ao pressentirem suas abelhudas presenças, munidos de máquinas fotográficas, possantes binóculos e dezenas e mais dezenas de garrafas da saborosa “Cerpinha”, a deliciosa cerveja dos paraenses. Eu mesmo nunca tive a “felicidade” de ver. - E vocês?
Índios e caboclos da nossa Amazônia (visitem a Amazônia enquanto nossa!) acreditam na lenda das “Iaras”-- lindíssimas morenas que adoram ficar deitadas, nuinhas em pelo, nas areias brancas dos igarapés amazônicos, sacudindo seus longos cabelos negros, negros como “as asas da graúna”, com seus sorrisos provocantes, cantando as mais lindas melodias. E assim elas conseguiram e continuam conseguindo “seduzir”, além dos nativos das florestas, pilotos e tripulantes dos aviões da FAB, e dos funcionários civis e militares da incansável COMARA, Comissão criada para construir aeroportos na região amazônica (já construiu mais de 240 pistas, inclusive para aviões supersônicos!) – eis a razão da existência de muitos caboclinhos e caboclinhas com a pele morena e de olhos verdes e azuis, originários dessas lendárias uniões.
Nos meus velhos tempos, sobrevoando durante anos seguidos aquelas planícies verdes e sem fim; e em conversas com missionários alemães a respeito dessas fabulosas lendas, eles me diziam que as nossas “Iaras” eram irmãs gêmeas das antigas sereias das lendas gregas, modificadas naturalmente pela natureza e o clima equatorial que as fizeram de tez morenas, olhos e cabelos negros, enquanto que as sereias dos mares e climas gregos as fizeram louras e de olhos verdes. O índio, o caboclo (quem sabe até alguns dos nossos tripulantes mais afoitos, desses muitos que não podem ver mulher... rs) quando seduzidos pelas “Iaras” ficam loucos varridos e que o único remédio é uma boa surra de corda, ou fumigação com alho, pois dizem que o cheiro do alho, ou da cebola, ainda que seja superstição, espanta os amores das doces Iaras, que não se dão bem com cheiro de alho ou de cebolas.
Diziam-me também os missionários alemães que a lenda do boto se deve a uma antiga tradição na Europa, que atravessando o paganismo grego, atravessou a cristandade, aproximou-se do nosso paganismo, transformado agora no nosso boto, que nada mais é que o golfinho das lendas gregas de Netuno, Anfitrite, Delfos e outros deuses e deusas, que os marinheiros portugueses transportaram para o Brasil e se espalharam com muita força pelos rios, furos e igarapés amazônicos.
Há os botos machos e os botos fêmeas. Os machos seduzem mulheres; as fêmeas, os homens. Dizem as más línguas que muitos dos mais antigos tripulantes de C-47 da FAB se deixaram seduzir.
Não fosse eu mais esperto, teria também caído nos cantos e encantos das Iaras... kkkk
Coronel Maciel.