O Princípio do Inatismo, Comparação entre Platão, Aristóteles, Descartes.

A finalidade da análise é mostrar os antagonismos quanto a origem das ideias. A primeira forma para explicar a origem das mesmas foi elaborada por Platão: a defesa da acepção do princípio do Inatismo.

O segundo, o entendimento desenvolvido por Aristóteles, o Realismo. Mais tarde seus fundamentos serviram de base para o empirismo construtivo na aplicação da lógica apofântica. Em terceiro, os princípios do inatismo formulados por Descartes.

Platão defendia também o Inatismo, nascemos com princípios racionais e ideias inatas. A origem das referidas, segundo Platão, é dada pelo mundo inteligível, evitando o uso das proposições do mundo sensível.

A natureza inteligível é aquela que antes de nascermos passamos a ter as ideias assimiladas em nossas mentes, originadas de uma realidade espiritual perfeita, não as antíteses das significações materiais a priori.

Quando nascemos nesse mundo conhecido por todos, onde estamos denominados por Platão como mundo sensível, já temos as ideias em nossas mentes, guardadas para serem utilizadas.

Necessário relembrar as citadas já conhecidas por meio do mundo inteligível. Com efeito, as ideias não são construídas e objetivadas pelo campo empírico, defesa a priori da essencialidade do inatismo.

Para Platão existem quatro formas ou graus de conhecimento que são: a crença, opinião, raciocínio e indução.

Para ele as duas primeiras devem ser descartadas pela Filosofia, pois não são concretas, sustentam-se em aporias, sendo as duas últimas as formas de realizar-se a Filosofia. Para Platão tudo se justifica através da Matemática, pois pela mesma chegamos à verdadeira realidade.

Segundo Platão crença e opinião são apenas a realidade invertida, como se fossem a visão dos homens da caverna do texto "Alegoria da Caverna." O conhecimento intelectual (raciocínio e indução) são atingidos por meio da essência das coisas, as ideias representam tais fundamentações, arquétipos metafísicos.

Aristóteles, filósofo que defendia o empirismo: as ideias são adquiridas através de experiência. Na realidade o empirismo não era concreto na sua época, muitos filósofos defendem que Aristóteles foi um dos criadores das principais ideias do empirismo, morfologicamente.

Para outros, apenas um realista, filósofo que dá muita importância ao mundo exterior para os sentidos, como a única fonte do conhecimento e aprimoramento do intelecto do ponto de vista da hilética.

Ao contrário de Platão, Aristóteles defendia que a origem das ideias surge através da observação dos objetos, do desenvolvimento da sua metodologia heurística.

Posteriormente, a formulação das mesmas, pela identidade empírica. Para Aristóteles o único mundo é o sensível sendo o mesmo inteligível.

Não existe realidade fora do campo prático, defendendo o princípio do hilozoísmo, a matéria está cheia de vida ou almas, mas nada se justifica metafisicamente. O que aconteceu posteriormente foram erros de Agostinho e Tomás de Aquino na utilização das ideologias platônicas.

Aristóteles diz que existem seis formas ou graus de conhecimento: sensação, percepção, imaginação, memória, raciocínio e intuição.

Para ele o conhecimento é formado e enriquecido por informações trazidas de todos os graus citados e não há diferença entre o conhecimento sensível e intelectual, são continuidades dialéticas.

A única separação existente entre as primeiras formas e a última: a intuição é puramente intelectual, não essencialmente indutiva. Portanto, o desenvolvimento da sua hermenêutica sempre fora materialista.

Isso não quer dizer que outras formas não sejam verdadeiras. Porém, substâncias de conhecimentos diferentes que se utilizam nas coisas concretas.

Podemos defender Aristóteles analisando problemas sobre a teoria das ideias apresentada por Platão, como por exemplo, sua acepção que diz o homem ter vindo ao mundo com ideias já formuladas e que as mesmas são intemporais e, como Platão explicitou em sua formulação.

Concepção que segundo ele é inata e todos têm a mesma fonte do que seria o conceito de justiça, certa heteronomia abstrata de um mundo fictício.

A tese formulada por Aristóteles não permite tal proposição, pois as ideias não são assimiladas por todas as pessoas pela mesma fonte, sendo o substrato epistemológico a experiência e nem todos têm as mesmas experiências. Portanto, formulam processos de sínteses diferenciadas e naturalmente compreensivas.

A teoria Platônica não permite a introdução de novas ideias no mundo inteligível. No entanto, através da observação, princípio Aristotélico, a introdução de outros tópicos perfeitamente possíveis, o mundo é a construção permanente dessas possibilidades.

Com isso podemos concluir ser a teoria aristotélica defensável por ser mais realista e, como tal, empírica. As Ciências modernas remontam-se aos fundamentos do aristotelismo.

Quanto à criação do pensamento por Descartes e o mecanismo do conhecimento, como elaboração teórica, depois do medievo surge a renascença, período marcado pelo ceticismo.

Os pensadores dessa época contestaram os dogmas e as autoridades eclesiásticas que sustentavam seus argumentos com a lógica aristotélica, porém o aristotelismo fora deturpado por Averróis e Tomás de Aquino e a Filosofia replatonizado.

Filósofo inovador, ignora os estudos literários e afirma que os mesmos produzem a ignorância e não lhes dão certeza. Como então ter objetividade em alguma coisa, a preocupação central em Descartes.

O filósofo desbravará a Filosofia ôntica na racionalidade interna, em si e por si mesma. Seu método consiste em unificar todos os conhecimentos em verdades e por certezas racionais. Elabora sua epistemologia com tal propósito.

Descartes trabalha com a verdade científica no uso do método dedutivo da metafísica do cógito e não com indução da existência. Desenvolve a verdade pelo pensamento abstrato e dispensa provas empíricas, contrariamente aos preceitos aristotélicos.

Na segunda meditação tem como alicerce o método da dúvida, ou seja, a enumeração das incertezas e, por meio delas, alcançar a objetividade, o desenvolvimento da acepção hiperbólica, ou seja, a caracterização da dúvida metódica que revela sua episteme universal.

A verdade dará base sólida, certezas exatas, evidentes, claras e distintas, pela eliminação das contradições no raciocínio, o que será a própria evidência na silogística dedutiva.

Eu não posso duvidar do pensamento, faço juízo das coisas, o pensador compreende o que deve ser julgado bem ou mal, independentemente da avaliação do julgamento: ele sabe quem julga, possui juízo das coisas.

Descartes dirá que sempre pensa, mesmo que delire ou que a imaginação engane, em última análise "eu sou puro pensamento", sua epistemologia da construção do saber.

Destaca-se no nono parágrafo, onde propõe a interrogação: "o que sou?" Responde a uma coisa que pensa, isto é, que duvida, concebe, afirma, nega, sente, reafirmando sua frase de que sempre pensa, ou seja, que é puro pensamento, desse modo é a realidade epistemológica como método.

Do décimo ao décimo sexto parágrafo discute o conhecimento pelo senso comum ou racional a facticidade, não pelo sentido que se compreende com total certeza e sim pela inspeção do espírito atento.

Os sentidos não levam à certeza, contrariamente, a fenomenologia da empiricidade, a respeito de tal inferência é essencialmente platônica.

Portanto, não é empírica sua defesa do conhecimento, apenas desenvolvida pelo espírito, sendo o mesmo fundamento da lógica e certeza do conhecimento.

Descartes arremata no décimo sétimo capítulo, no qual diz que as coisas do espírito são mais fáceis de conhecer porque são naturais, suas ideias claras no uso do método da identidade, evitando conforme evidência a natureza da contradição, negação do princípio da falsificabilidade.

Descartes inaugura a metafísica que norteará a modernidade, o cógito (eu penso) cartesiano e conclui que conhecer é fundamentalmente o espírito (intelecto), ou seja, um exercício da capacidade do mesmo.

Nesse aspecto, como Platão, na valorização do conhecimento apenas pelo espírito, podemos afirmar que também é um inatista, diferentemente de Aristóteles na defesa do campo empírico.

O trabalho é uma elaboração comparativa com a finalidade de entender as diferenças e semelhanças entre os três grandes pensadores, o que é especifico de cada um e as diferenças na construção do pensamento.

Tem como objetivo o conhecimento tanto das ideias inatistas como a empiria, na compreensão do desenvolvimento da Filosofia em cada escola situada nos seus respectivos períodos históricos.

Autor: Edjar Dias de Vasconcelos...

Edjar Dias de Vasconcelos
Enviado por Edjar Dias de Vasconcelos em 17/06/2014
Reeditado em 22/07/2014
Código do texto: T4848070
Classificação de conteúdo: seguro