A Fenomenologia do Ser e o Nada.

1905-1880.

Grande filósofo, estudioso de Heidegger formulador da teoria existencialista, cujo fundamento indispensável primeiro o ser existe e se define conforme a sua existência. Herdou-se a ideia fundamental de Locke, o homem nasce com o cérebro igual a uma folha de papel, a mesma terá o conteúdo que lhe for imposto, uma vez escrito na memória a representação do mundo dificilmente poderá ser alterada.

Sartre foi um filósofo avesso à academicidade no sentido de ocupar uma cátedra. Estudava Filosofia, lia muito e formou a sua teoria. Talvez o filósofo mais famoso do século XX: referir o seu nome em uma conferência levava o mundo a tremer de emocionalidade.

Partiu de dois princípios básicos para elaborar sua grande obra: O Ser e o Nada. Primeiro a não existência de Deus, segundo a construção do cérebro vazio, ideia posteriormente reformulada cientificamente pelo neurocientista português Antonio Damásio: o homem é o seu cérebro, o corpo é a expressão do cérebro. A psicanálise contemporânea desenvolve suas pesquisas a partir do mesmo pressuposto, igualmente outras Ciências.

O pensamento é o resultado de memórias impregnadas culturalmente, o cérebro é sempre o que lhe for imposto pelo meio, seja qual for o meio. Praticamente impossível a mudança, uma vez estruturado o sistema memorial, o corpo comporta-se conforme o comando do sistema impregnado, isso devido ao cérebro ser no princípio vazio. Existência precede a essência.

De certo modo o homem não escolhe ser o que é, o que desejaria. As impregnações vão silenciosamente construindo o caminho, raramente com retorno a outras formas de originalidades. A liberdade de Sartre não condiz com certas imposições literárias, como se o homem tivesse condenado a ser livre, sua acepção é mais profunda, a existência libertária do seu existencialismo.

Significa apenas a negação de algum comando externo metafísico, como se a vida tivesse condicionáveis divinas. O Ser e o Nada, a prova cabal da não existência de Deus é a ausência de sentido da vida.

O homem nasce biologicamente igual a qualquer animal com a mesma substância química, com uma diferença: o desenvolvimento da linguagem, responsável pela criação das ideologias, formam os substratos culturais dos quais a cognição é escrava, ao menos parcialmente.

O mundo é composto fenomenologicamente de milhares de interpretações em campos variados, epistemologicamente e antropologicamente, cujos substratos vêm da mesma variação.

A cultura em específico, a lógica do funcionamento do cérebro de um indígena é a mesma do intelecto do senhor Einstein, as diferenças são as variações dos meios juncados às heranças culturais herdadas distante do próprio tempo histórico.

O que é a liberdade para Sartre? A percepção que nada disso tem sentido, incluindo a existência humana, o homem pode se reinventar, mas a invenção solitariamente é impossível e, por um esforço heroico, sinais da loucura ou da burrice, quando de fato seria o reflexo da genialidade.

Outro aspecto do existencialismo de Sartre: Deus só existe por uma ideologização da linguagem, a própria existência de Deus é absurda. Desse modo o homem não é nada em especial, como não é o mundo animal, servem apenas ao capricho da evolução da natureza no sentido permanente da mudança de estado.

Dessa forma não há pecado. O homem está livre para realizar o que quiser desde que não atinja a institucionalidade do que é certo ou errado, não por ser pecado, tal noção é inexistente, mas por ser crime institucionalmente, quebrar as regras do contrato de Estado, o que é inteiramente imposto pela burguesia. Sob essa análise Sartre era marxista.

A única finalidade da vida é voltar à redefinição da natureza na sua lei química a constante mudança de estado: tudo que existe na natureza oficialmente tem somente do ponto de vista dela a finalidade proposta por leis naturais.

O que é ser livre, compreender essas variáveis, agir minimante possível fora delas dentro dos parâmetros que podem provocar a felicidade humana, porém o homem profundamente condicionado por memórias impregnadas não consegue entender tal análise, motivo pelo qual é profundamente alienado.

Citarei um exemplo básico da insignificância do cérebro: se fosse possível o transplante do mesmo em um presidente da República seu cérebro sendo transplantado na cabeça de uma marginal de alta periculosidade deixaria imediatamente o seu mundo de marginalidade e ocuparia o palácio mudando inclusive sua linguagem significativa.

No entanto, os homens entendem-se pela identificação do corpo e não memória, o homem marginal que seria o presidente da Republica de fato e de direito, imediatamente preso por impostor e louco.

Penso que nesse exemplo fascinante a liberdade humana é extremamente negativa no sentido da sua efetivação, uma vez que os homens não se libertam de seus padrões culturais impostos por outras construções de forma anacrônica.

Somos, com efeito, condenados à cegueira e às escravizações da memória. Qual o primeiro passo para a construção da liberdade a fim de perceber não apenas o mundo fenomenológico, mas as destruições das cofatoridades culturais impregnadas às nossas memórias prejudicando as ações libertárias.

O propósito é reconstruir um novo cérebro. O grande problema que não é possível a reconstrução do nada, sendo que cérebro anterior já está contaminado por condicionáveis invariáveis aos modelos das impregnações.

Motivo de a liberdade ser mito. A consciência para Sartre é fruto da existência, sendo a mesma fundamental a qualquer determinação. É o elemento central na busca de qualquer sentido, sendo que a referida só existe quando é ela mesma.

Desse modo o sentido do mundo é profundamente ideológico em qualquer aspecto referencial.

O homem para atingir sua liberdade teria de negar tais formas de imposições, mas como, recusando os papéis culturais e sociais que lhe são impostos, os modelos sociais são apenas alienações, prejudicam o preceito libertário da consciência.

Não devemos agir de acordo com o que fazem conosco, imaginando ainda que somos autônomos. Seres produzidos, mecanizados, memorizados, pois a vida não tem nenhum sentido. A existência fundamental do mundo do ponto de vista natural é o atendimento às leis da natureza.

Não poderá ser modificado pela inteligência construída. De certo modo, a reflexão e a consciência de tal mecanicidade são indispensáveis ao processo mínimo da construção da liberdade. Nesse sentido Sartre entende que o homem está condenado a sua liberdade, pois o mesmo deveria entender os mecanismos variáveis da sua obscuridão e transformá-los, compreendemos sua reflexão completa em sua outra magnífica obra: A Razão Dialética.

Autor: Edjar Dias de Vasconcelos...

Edjar Dias de Vasconcelos
Enviado por Edjar Dias de Vasconcelos em 31/05/2014
Reeditado em 02/06/2014
Código do texto: T4826923
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