IRMANDADE E PULSÃO DE MORTE

Inadvertidamente, nasce o texto em convergência com o leitor. Esta é a minha peculiar maneira de praticar a Confraternidade, fugindo do egocentrismo e da possessão, que é, usualmente, o que ressalta no poema de autoria de quem ainda não se apercebeu de que a arte nos leva ao aconchego do outro. Quando o leitor compartilha o escrito com os seus amigos – especialmente na modernidade das redes sociais – sinto-me extremamente feliz, porque descubro que o texto ganhou existência e passou a transitar no espiritual do receptor. Possivelmente venha a ser útil como instrumento de irmandade. A arte, por vezes, pode apresentar-se como uma amante possessa e egoísta. Cabe ao artista fazer-se presente como instrumento de mudança, de celebração da humanidade a que estamos – todos – condenados ainda por algum tempo. Bebamos ao semelhante que nos frui em sua ânsia de buscar respostas. Mal ele sabe que ficará imerso novamente no poço dos questionamentos. Porque Arte é pulsão de morte (e vida), de modo a que se processe intenso o viver, como se o existir fosse acabar logo após a descoberta do Novo. Em arte poética a vida (sempre) renasce num auspicioso hausto de vida. Por ela, quem está posto no presente, antevê o futuro...

– Do livro O CAPITAL DAS HORAS, 2013/14.

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