Explicação do Suicídio em Durkheim.

Uma Análise Sociológica do Suicídio em Durkheim.

No magnífico trabalho de Durkheim a respeito da prática do suicídio, o autor procurou refletir sobre as causas sociais e o fundamento da ação do suicídio.

A interrogação de Durkheim parece ser fundamental em consideração às causas centrais em referência às situações diferentes que direcionam um indivíduo a praticar o suicídio.

A religião, família, sociedade política, vida profissional, em função desses meios há realização do suicídio. A pergunta indispensável: porque as pessoas se matam?

O primeiro princípio identificador por Durkheim é o desenvolvimento da sua análise em entendimento a relação do suicídio com a religião, em razão de haver alta quantificação de pessoas que se matam entre as confissões religiosas.

Sua grande surpresa é que o suicídio entre pessoas de confissões católicas eram infinitamente menor. Diante dessa constatação, procurou refletir os verdadeiros motivos da diferença em relação ao credo protestante.

A primeira questão levantada: os sistemas religiosos católicos e protestantes proíbem como pecado o suicídio, no entanto, as pessoas praticam.

Durkheim encontrou elementos fundamentais para entender a razão das diferenças em quantidade da prática numericamente em taxas.

Para Durkheim o fundamento explica-se pelo fato do catolicismo ser um sistema rígido de hierarquia de poder e disciplina, tornando inquestionável o corpo ético e a moral da fé, dando aos católicos certo equilíbrio emocional para suportar as diversidades da vida.

O fato de ter absoluta certeza de que a morte resultada do suicídio levaria a alma a ser severamente punida, essa ideologia diminuía a quantidade numericamente da prática.

Já para os protestantes, com pouca hierarquia, uma multiplicidade de tendências, sendo o crente autor da sua própria exegese, possibilitando ao questionamento do poder de Deus, a dúvida, as condenações pós-morte, a respeito da punição da alma facilitaria na efetivação do suicídio. O mesmo seria tratado como procedimento humano de ordem social.

As diversidades das seitas possibilitam a não integração do individuo, o desenvolvimento de práticas não comuns, oferecendo ao não católico maior poder de decisão a respeito da vida, a não repressão ideológica por parte da hierarquia.

Com menor integração, ou seja, mais crenças diversas e maior grau de liberdade de exegese entre os protestantes. Para Durkheim, o fato do protestantismo possibilita o livre exame da bíblia, o que não acontecia de certo modo com o catolicismo.

Associado à ideia de liberdade diante de crenças tradicionais superadas, a evidente perda das eficiências e dos conceitos clássicos juncados ao liberalismo econômico, unidos à ausência de sentimentos, com a falta de sociabilidade, sem um sistema comum de crença, tudo isso leva a certo desespero ontológico sendo desmotivada a própria existência.

De acordo com Durkheim o valor, a instrução, as diversas filosofias críticas, a superação das crenças tradicionais enfraquece a moralidade da pessoa, diante do insignificado da vida, fenômeno tipicamente do ateísmo impregnado aos graus de liberdade.

Nesse contexto global de crise e ausência da religião no cumprimento do seu papel, o homem solitariamente perdido no universo, a falta de coesão à sociedade como um todo.

No caso específico do papel da religião, o homem se mata, segundo Durkheim, porque a sociedade religiosa a que faz parte perdeu seu sentido sociológico, a fé exerce papel preponderante com a finalidade de evitar o suicídio.

Defende Durkheim que a religião possui uma ação fundamental sobre o suicídio, isso quando um conjunto de crenças obrigatórias possibilita a integração do individuo e leva o mesmo a entender sua punição pós-morte, como forma de castigo, a posteriori, a ação determinante de tal prática.

Desse modo entendia Durkheim que o protestantismo possibilitaria maior número de suicídios, dado a sua ação não integradora, os indivíduos perdem vínculos sociais, o homem sem relação comunitária faltando sentido para sua existencialidade leva a procedimentos egoístas, a perda da significação existencial.

Outra análise formulada por ele a respeito do judaísmo com as práticas do suicídio, povo muito perseguido politicamente, a solidariedade entre as pessoas era a forma evidente da defesa do indivíduo em particular, o que evitava a quantificação em suicídio, o encontro da sociabilidade.

Sendo que a fé judaica determina uma ação coletiva, não possibilita a vida como realidade solitária, tipicamente do comportamento liberal moderno.

Durkheim procurou mostrar que o suicídio é uma doença histórica e que está associado aos modelos de sociedade em seus devidos tempos evolutivos, para o individuo sem sociedade participativa, o que pode também acontecer por certas anomalias, como regulamentações de procedimentos irracionais, ausência de significado ideológico, existência do indivíduo, existencialismo exagerado, são elementos potencializadores ao desenvolvimento da prática do suicídio, sobretudo, em momentos difíceis.

Em situação extrema nenhuma conquista vale por si, mesmo o sucesso leva à falta de estímulo, a depressão entre os outros fatores, indivíduos abandonados socialmente sem experiências reais tornam-se insuficientes diante da realidade da vida e se matam.

Outros fatores importantes a serem considerados historicamente como forças de potencializações, as crises econômicas quando o individuo não tem perspectiva de vencer na realidade do mercado produtivo.

As necessidades humanas não dependem tanto do corpo, mas da formulação do espírito, o que é ilimitado é o desejo do homem poder ser socialmente uma contradição aparente, as paixões por esse aspecto teriam de ser limitadas, tornando, com efeito, uma problemática psicossocial, diante da impossibilidade, oferecida a não renovação do ideal de vida escolhida.

As paixões têm de ser limitadas, quando na prática não funciona pela força moral da sociedade que regula e modera as necessidades na perspectiva do individuo, ausência do bem comum.

Quando tudo isso falha, a vida torna-se um terror insuportável, o melhor caminho é a prática do suicídio, as paixões devem ser limitadas, contrariamente, pois não se regulam as questões psicológicas.

O desenvolvimento da indústria e ampliação indefinida do mercado fortalece o desencadeamento dos desejos e esses da busca desenfreada e, consequentemente, a não efetivação das relações motivacionais, razões do suicídio.

O restabelecimento da ordem moral não é possível de forma lógica, a educação, talvez, seria o caminho adequado a criar uma padronização que dê sustentabilidade à vida das pessoas de algum modo desagregadas.

Em síntese, podemos afirmar que a principal causa do suicídio estaria de certo modo, na ausência da sociedade na vida da pessoa, sendo que dessa forma o suicídio aconteceria pelo fato da mesma não estar presente na ação coletiva humana, a sociedade de certa forma quanto mais favorecer o individualismo, mais deixa o mesmo numa situação de vulnerabilidade.

Também poderá ser por ausência de regulamentação da ordem moral, limitar as paixões individuais e seus desejos. Durkheim, por último, regulamenta o valor do casamento, pois cria uma estrutura mínima de família cumprindo o sustentáculo da ausência da coletividade.

As separações interferem em papéis associados, de qualquer forma a falta de sociedade em vidas individuais.

A vida depende de certo modo da sua integração à sociedade, proteção da mesma ao indivíduo as suas ações políticas necessárias aos fundamentos psicológicos.

O que se sabe cientificamente em qualquer situação é que o procedimento das ações sociais ou a falta de sociedade leva ao individuo cada vez mais a ter sua vida sem sentido para existência e o caminho prático para se evitar o próprio aspecto trágico é a provocação da morte.

Autor: Edjar Dias de Vasconcelos.

Correção: Laura Maria Fernandes da Silva.

Publicação orientada pela Diretora: Claudete Aparecida de Paula.