Schopenhauer: O mundo das representações e a vontade como desejo.

Schopenhauer: O mundo das representações e a vontade como desejo.

Schopenhauer.

1788-1860.

O mundo é a representação das nossas ideologias, com efeito, as nossas razões, o modo dos homens agirem os referidos pensam com seus códigos sistemáticos representativos, a linguagem funciona por meio de um código complexo e representativo, tendo como sustentáculo o corpo.

Schopenhauer foi contemporâneo de Marx, no entanto, afastou completamente da sua Filosofia política e do mesmo modo da concepção filosófica da análise do materialismo dialético aplicado à história.

Aproxima de certo modo em muitos aspectos da filosofia kantiana, acreditava que o conhecimento só poderia ser o resultado da sensibilidade do entendimento.

Mas como seria exatamente a forma do conhecer racional do mundo natural das coisas, falar para Schopenhauer do saber significava antes de tudo representar os fenômenos, o mundo é a representação dos fatos fenomenológicos.

De modo que o mundo ou a natureza dele mesmo seria tão somente nossas representações ideológicas. Com efeito, o saber do mundo, seu fundamento epistemológico, nada mais é que uma grande representação humana.

Sua magnífica obra, O Mundo Como Vontade e Representação, no entanto, o mundo não é apenas representação. Porque existe outra forma de saber e ser dos homens, tão importante como as suas representações.

A segunda epistemologia do saber para Schopenhauer, não está diretamente ligada ao mundo fenomenológico, com efeito, por outro lado, não se trata especificamente do mundo empírico.

É o saber resultado da vontade, do desejo animal, completamente irracional preso ao universo e a sua manifestação, as coisas acontecem sem nenhuma motivação racional e liga se estritamente a mecanicidade do instinto, faz parte de uma realidade complexa do mundo animal.

As ações do mundo do instinto são comportamentos ligados a ações absolutamente cegas dentro da realidade física natural química, biológica e humana.

Relaciona especificamente a natureza do corpo, as suas funções orgânicas, nenhum conhecimento racional a princípio poderá reagir a tais fundamentos.

As questões vitais do organismo, como digestão, reprodução e defesa da vida pelo aspecto do instinto.

Tudo o que se refere ao corpo especificamente, o que faz o mesmo ser o que é, sua defesa de sobrevivência, o fundamento natural da vontade das suas ações, o desejo guiado pela lógica das necessidades do instinto.

O sexo é um desses aspectos, uma ação natural, sem nenhum desenvolvimento do afeto, o que obriga dizer que o mundo do afeto artificial é falso, relacionado à vida humana, o fundamento das relações, com o mundo natural dos animais.

Sair da vontade do corpo, para atingir o desejo mediado pelos aspectos racionais especificamente a vida humana, é algo completamente absurdo, a não ser que o mundo da vontade esteja absolutamente controlado do ponto de vista das necessidades básicas do corpo, a lógica do mesmo nunca foi racional.

Desse modo podemos entender o comportamento das relações sexuais forçadas, aquelas resultadas de argumentos mentirosos, em benefício do desejo do corpo, sendo que o mesmo tem suas necessidades como desejo da vontade.

Não se trata do caráter ou do mundo da moralidade, são classificações ideológicas ligadas ao mundo sexual, produtos do desconhecimento da realidade química do corpo, do seu funcionamento biológico.

O que significa tudo isso, em uma análise psicogenética, o homem é muito mais que o seu sujeito, sendo, portanto, a natureza do corpo por outras variáveis não cabidas dentro das racionalidades psicológicas do mundo racional elaborado.

O corpo é entendido tão somente do ponto de vista químico, não apenas as representações das suas ideologias construídas, pelo fato do corpo não ser sujeito epistemológico objetivado em mecanismos processuais do entendimento tão somente.

O fundamento é simples o corpo é anterior a tudo que existe, particularmente ao mundo da linguagem e as criações simbólicas representativas das ideologias evolutivas dos diversos mundos, tanto das dimensões metafísicas como do mundo de ordem puramente empírica.

O corpo é a individuação da vida dos animais na perspectiva das espécies em geral, a mesma lógica de procedimentos comportamentais irracionais e que não compete a racionalidade dos mundos morais, pois é construída e representada nas ideologias significativas.

Com efeito, não somos puros sujeitos, a irracionalidade funciona tanto no mundo do instinto, como no mundo das representações, sendo que no primeiro por ser natural é completamente normal ao mundo do corpo, no segundo não, por ser objetivado ideologicamente a interesses particulares.

O que significa para Schopenhauer que mundo do corpo no seu estagio natural, representa a vontade dele em sua natureza de origem, sem nenhuma forma punitiva, como expressão do desejo da potência e da vontade, nesse sentido devemos entender todos os comportamentos instintuais, como por exemplo, comer, beber, fazer sexo, etc.

As vontades são as necessidades do corpo, o que é comprovado cientificamente, o que acontece que os mundos das representações são ideologizados, o que é certo ou errado, interessa as reproduções institucionais políticas e não a vontade do próprio corpo.

Quando o mesmo no seu aspecto representativo passa ser artificializado, no sentido do que pode se realizar, o corpo é constantemente vigiado, devido aos interesses políticos institucionais, a defesa de uma sociedade essencialmente opressora. Corpo é o grande produto de uma sociedade fundamentada no lucro.

Nesses aspectos que o eminente professor Foucault elabora sua magnífica obra, a respeito da realidade do corpo, como instrumento de dominação de classe social. O corpo passe ser uma representação das ideologias de Estado quando o mesmo não cumpre suas referências éticas, sendo com efeito, a segurança institucional da política.

Nesse momento, foge do mundo figurativo das suas relações naturais do instinto, mas configura a lógica da representação ideológica, o corpo perde sua dimensão natural e passa ser exatamente as proposições das ideologias de domínio, cumpre, com efeito, o mundo como representação dos desejos institucionais.

O corpo é apenas um instrumento político, na defesa das relações sociais, sendo desse modo ele transforma-se em um objeto mercadológico, perde sua natureza animal do instinto.

Qualquer forma de comportamento de instinto, nessa perspectiva constitui-se meramente em condenação moral.

É a luta constante entre os elementos químicos da natureza e a realidade corporal como se não fosse químico na defesa da sociedade constituída pelo Estado político. O corpo uma ideologia de poder.

O corpo nesse instante histórico é apenas um objeto mercadológico, seu valor é ditado pela lógica produtiva do mercado, quando não atende as perspectivas da produtividade nao tem valor social. Marx.

O sexo passa ser objetivamente comércio do mesmo modo as relações reprodutivas do corpo, na perspectiva da teoria da evolução da espécie humana, reproduzir para garantir a continuidade não mais da forma anterior, mas da função política do corpo institucionalizado politicamente como defesa do próprio Estado como nação.

No do mercado liberal das produções econômicas, portanto, nessa nova análise o corpo é meramente um objeto descartável como um carro velho sem funcionalidade, entretanto, tal compreensão elaborada refere-se essencialmente a uma epistemologia do materialismo histórico, formulado por Marx.

Mas os aspectos que são da natureza do corpo institucionalizado politicamente ou do mundo do instinto, levam a efetivação da racionalidade como se fosse uma condição psicológica ao mundo natural, quando não é.

Edjar Dias de Vasconcelos.

Edjar Dias de Vasconcelos
Enviado por Edjar Dias de Vasconcelos em 10/04/2014
Reeditado em 10/04/2014
Código do texto: T4763471
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