O leque da mulher espanhola

Esta é uma releitura e paráfrase do artigo intitulado ABANICO, que integra uma série de trabalhos de pesquisa oferecidos pelo Centro Virtual Cervantes.

A seção escolhida se reporta aos principais costumes e hábitos dos espanhois, a partir de informações contidas em uma coleção de livros de narrativas de viagem feitas por viajantes estrangeiros. Essas narrativas são importantes fontes de informação antropológica que documentam a vida dos espanhois no século XIX.

Emmeline Stuart Wortley define o “abanico” como uma «arma de la debilidad de la mujer». É um objeto que usam as mulheres espanholas e que ostenta o valor de um distintivo social.

Outra descrição do leque da mulher espanhola é oferecida por George Dennis, que o descreve como uma ferramenta de sedução, afirmando não ser surpreendente que o leque seja um distintivo de tanta preferência, vez que somente uma espanhola sabe como manejá-lo. Acrescenta ainda que nas mãos dessa mulher o leque tanto demonstra ser elegante quanto perigoso, além de servir como um auxílio na arte da intriga. Ao usar o leque, a espanhola do século XIX agia como se com esse instrumento falasse um idioma só entendido pelos iniciados, “pero en el cual, ayudada por sus miradas, se puede dirigir a su admirador casi tan claramente como con palabras de su boca (GEORGES DENIS, 1839, Vol. I, 62).

Alexander Mackenzie narra um episódio ocorrido com uma moça navarra, um tipo semelhante ao das andaluzas, que usava uma mantilha e um leque durante seus passeios a cavalo pelas estradas da Espanha. Alexander conta que, seguindo a mesma estrada que a moça, apressa o passo da mula para ver o que se ocultava por detrás do belo leque que ele vinha olhando desde longe. O relato que ele faz a partir de descrições detalhadas forma uma bela página que desperta o interesse do leitor.

Por sua vez, Terence Hughes descreve, no ano de 1845, o uso do leque e evidencia a sensualidade com que a mulher espanhola o maneja para comunicar-se. Mãos e braços bonitos ocultam a boca com o leque, o que confere ao olhar da mulher o papel principal daquela cena.

A mulher andaluza é, em geral, bonita e tem braços, na maioria dos casos, bem harmoniosos, proporcionais, invariavelmente anda com eles desnudos até os cotovelos, demonstrando perfeição e graciosidade. Assim, ela “apoya la artillería de los ojos, mas primero ocultando y desvelando luego su completo centelleo irresistible. Es elocuente para expresar lo que no podrían revelar los lábios” (Terence Hughes, 1845, Vol. I, 422).

REFERÊNCIAS

Viajeros en España > Secciones > 6. Costumbres > Preliminar. Centro Virtual Cervantes. Literatura. Disponível em <http://cvc.cervantes.es/literatura/viajeros/costumbres/default_paginada.htm> Acesso em 26 fev. de 2014

Viajeros en España > Secciones > 6. Costumbres > Abanico. Centro Virtual Cervantes. Literatura. Disponível em: <http://cvc.cervantes.es/literatura/viajeros/costumbres/abanico.htm>. Acesso em 26 fev. de 2014