Tolerância ou discriminação?
Vivemos num momento em que temos que ser cada vez mais tolerantes com as minorias e com aqueles que são ‘diferentes’. Ora, para tolerar, antes é preciso fazer distinção – se ele (a) não é igual a nós, logo, esse indivíduo pertence a determinado grupo seleto, seja pelas características extrínsecas, seja pelo comportamento. Então podemos dizer que antes de respeitar tal diferença, discriminamos?
Se formos pensar no significado literal da palavra “discriminar”, encontraremos sinônimos como discernir, perceber as diferenças, classificar tendo em conta algum motivo específico... Mas a sociedade achou uma nova forma de maquiar o preconceito através da tolerância, pois quem não é dotado de tal virtude, pode ser taxado de arrogante, herege e até subversivo.
Acontece que não se tem outra possibilidade a não ser aceitar aqueles que não são como nós, através de lavagem cerebral, do proselitismo, da demagogia política e do relativismo moral. Então, os cidadãos têm que ceder passivamente às ideologias impostas pelos fanáticos, pelos esquerdistas, pelos ativistas que pregam a paz, mas são os primeiros a fazer juízo de valor, atacando a maioria em detrimento de suas próprias concepções de que é certo ou permitido.
No Brasil, ganha-se mais pontos quem ama tudo e a todos, do quem tem seus próprios pensamentos e atitudes. Ser tolerante é ser bonzinho, não oferece risco às pessoas e se consegue prestígio. E para ser aceito, também deve-se comungar dessa tendência poltico-ideológica – que é a tolerância religiosa, ética, social – ou enfrentar dragões querendo sua cabeça porque não é igual a todo mundo.
Entre tolerância e discriminação há uma linha tênue que oscila entre o permitido e o proibido. Dizer que se respeita um pobre, enquanto tem ojeriza do povo miserável é coisa de gente preconceituosa, mas tolerante. O Brasil precisa evoluir em sua política social que segrega, distingue e restringe para então chamá-los de coitadinhos, oprimidos e menos favorecidos, porque isso rende votos.