Vício Cibernético
Vou a um concerto musical da Orquestra Sinfônica da Universidade Federal de Alagoas, na Catedral Metropolitana de Maceió, em que predominava o estilo de músicas natalinas. Uma belíssima apresentação capaz de sensibilizar qualquer coração endurecido. Fico a poucos metros da fileira da frente, permitindo-me uma visão completa de todos os integrantes da orquestra. À esquerda, na próxima fileira, uma senhora loira, não menos idosa do que eu, estava constantemente “ligada” no seu celular, nas chamadas redes sociais, o facebook. Chamou-me a atenção o fato de preferir estar “desligada” daquele importantíssimo evento, optando pela cibernética. Para isto nem precisaria estar ali, bastaria ter ficado em casa, para não sofrer a interferência daquele show monumental. Sem dúvidas, um espetáculo digno de ser apreciado. Músicas que purificam a nossa alma. Dali se sai mais aliviado do estresse das ruas, da violência urbana. Sai-se com aquele espírito natalino, com um sentimento de amor e paz, segundo nos ensina a própria doutrina cristã.
Não acredito que aquela senhora tenha absorvido este sentimento, pois estava em outro mundo, estava “ligada” noutra coisa, portanto, “desligada” dali.
Não quero aqui condenar a importância das redes sociais, do facebook, apenas frisar que tudo no seu devido tempo e lugar. É comum aos jovens a expressão “tô ligado”, mas o que vi ali foi uma juventude “desligada” dos seus celulares para a concentração maior naquele espetáculo musical, com vibrantes aplausos, a cada parte encerrada. No final, aplausos de pé, por um prolongado tempo, pelo grandioso concerto musical. Da cibernética estava eu “desligado”, mas daquele espetáculo posso afirmar como os jovens, “ligado, muito ligado”.