TAMBÉM JÁ FUI CRIANÇA

É sempre repetitivo falar do consumismo dos tempos atuais; também repetitivo falar que nos meus tempos de criança não se ganhava presentes. Mas tem uma coisa que compensa falar. É a vulgaridade do ato de presentear uma criança e a criança, quem não tem nada com isso, desprezar o bem consumido logo após ganhá-lo. Tudo é tão vulgar nesse mundo capitalista, consumista, que parece que não estou aqui.

Por outro lado, no passeio da loja enfeitada, passa uma pobre mãe com o filho faminto por presentes. Aqueles bonecos, repito, bonecos com logotipo, viram objetos de consumo como se saciasse a fome daquele menino. Depois de presenteá-lo, algumas horas depois, encontrei a mãe e o filho, sem o boneco, que tinha sido trocado por uma dose de cachaça. Ainda bem que teve serventia aquele boneco. O mesmo boneco que dei a meu filho descansa em paz, debaixo da mesa da cozinha, onde só será incomodado por alguma vassoura atrevida.

A economia nos moldes atuais requer consumo como se fosse uma balança entre o emprego e o “bem bão” da classe política. Só que tudo tem limite! Não podemos ficar incentivando o consumo num país encachaçado pela corrupção.

JOSÉ EDUARDO ANTUNES

Zeduardo
Enviado por Zeduardo em 12/10/2013
Código do texto: T4522545
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.