TAMBÉM JÁ FUI CRIANÇA
É sempre repetitivo falar do consumismo dos tempos atuais; também repetitivo falar que nos meus tempos de criança não se ganhava presentes. Mas tem uma coisa que compensa falar. É a vulgaridade do ato de presentear uma criança e a criança, quem não tem nada com isso, desprezar o bem consumido logo após ganhá-lo. Tudo é tão vulgar nesse mundo capitalista, consumista, que parece que não estou aqui.
Por outro lado, no passeio da loja enfeitada, passa uma pobre mãe com o filho faminto por presentes. Aqueles bonecos, repito, bonecos com logotipo, viram objetos de consumo como se saciasse a fome daquele menino. Depois de presenteá-lo, algumas horas depois, encontrei a mãe e o filho, sem o boneco, que tinha sido trocado por uma dose de cachaça. Ainda bem que teve serventia aquele boneco. O mesmo boneco que dei a meu filho descansa em paz, debaixo da mesa da cozinha, onde só será incomodado por alguma vassoura atrevida.
A economia nos moldes atuais requer consumo como se fosse uma balança entre o emprego e o “bem bão” da classe política. Só que tudo tem limite! Não podemos ficar incentivando o consumo num país encachaçado pela corrupção.
JOSÉ EDUARDO ANTUNES