A alegria de ensinar

Prólogo

"O que deve caracterizar a juventude é a modéstia, o pudor, o amor, a moderação, a dedicação, a diligência, a justiça, a educação. São estas as virtudes que devem formar o seu carácter." – (Sócrates).

“Eu não me envergonho de corrigir meus erros e mudar as opiniões, porque não me envergonho de raciocinar e aprender.” – (Alexandre Herculano).

Talvez não fosse necessário escrever sobre o insofismável, isto é, como dizia o saudoso Nelson Rodrigues: o “óbvio ululante” para todos os educadores de diversos níveis de ensino, mas, quero dissertar sobre o tema em epígrafe por entender a importância do professor – sem a pretensão egoística de querer puxar a brasa para a minha sardinha – , da educação de um povo por meio do ensino coerente com uma linha de princípios ou pressupostos, isto é, sistemático.

A Alegria de Ensinar é tema de um livro – recomendo-o com louvor – cujo autor, Rubem Alves, discute aspectos do conhecimento e os seus meios de transferência através de gerações. Ao longo de 14 capítulos, Rubem propõe que ensinar é um exercício de imortalidade, que de alguma forma continuamos a viver naqueles cujos olhos aprenderam a ver o mundo pela magia da nossa palavra, sendo que, desse modo, o professor não morre jamais, estando a cada dia no pensamento daqueles a quem ensinou algo proveitoso para uso no cotidiano.

Trata-se de uma publicação recomendada na área pedagógica, na qual o autor Rubem Alves afirma ser preciso ultrapassar os cinco sentidos e chegar ao sexto sentido, por ser o único que permite que se tenha prazer com as coisas que não existem e estão ausentes.

"O prazer da leitura é o pressuposto de tudo o mais. Quem ama ler tem nas mãos as chaves do mundo... Literatura, como o corpo da pessoa amada, não é objeto de conhecimentos científicos; é objeto de prazer." – (Rubem Alves).

ENSINANDO E APRENDENDO

“Ensinar e aprender são tarefas difíceis. Digo isso por ser autodidata, eterno aprendiz e, por tentar, de modo intimorato e recalcitrante, sem pejo do ridículo, ensinar o que pouco sei.” – (Wilson Muniz Pereira).

É claro que todo educador precisa ser um leitor imoderado, criterioso, e ter a absoluta certeza de que nunca aprenderá o suficiente para sanar suas resistentes dúvidas. Repito o que já escrevi antes: Desconfiemos de quem afirme tudo saber! Em absoluto a dúvida é inerente ao ser humano!

Todo aquele que admoesta precisa ter muito cuidado para não ferir suscetibilidades alheias ao fazer correções ou observações sobre erros ou deslizes gramaticais exteriorizados pela escrita ou fala de outrem. Uma coisa é certa: Nem todo criticado tem a devida parcimônia cautelosa para mascarar um descontentamento ao ser criticado por um lapso irrelevante ou gritante. Zaratustra dizia com muita propriedade: “Ser mestre é isto: ensinar a felicidade.”.

Mas, o que é a felicidade? No texto “Reflexões refletidas”, publicado no Recanto das Letras (Ver endereço abaixo) ousei definir tão subjetiva expressão – felicidade – quando escrevi:

“A felicidade – É um estado momentâneo de plenitude, satisfação e equilíbrio físico e psíquico, em que o sofrimento e a inquietude estão ausentes. Abrange uma gama de emoções ou sentimentos que vai desde o contentamento até a alegria intensa ou júbilo.”.

http://www.recantodasletras.com.br/pensamentos/3587927

CONCLUSÃO

Ensinando, o mestre–educador sente essa plenitude de um contentamento indescritível e incompreensível ao comum. Desgasta-me sobremaneira, às vezes, esse meu lado professoral, essa vontade irresistível de transmitir o que pouco sei. Explico melhor:

Alguns leitores, extremamente curiosos e cuidadosos, normalmente fazem perguntas, consultas via internet, a professores renomados que detêm blogs específicos para esse fim. Não é esse o meu caso. Gosto de responder às consultas jurídicas, isto é, correlatas com minha formação acadêmica. Faço isso por duas razões: Prazer e terapia ocupacional.

Certa ocasião li em um adesivo colado no vidro traseiro de um veículo a seguinte advertência: “minha educação depende da tua!”.

Concluo este texto imaginando qual seria o conceito de educação para quem pensa dessa forma: “minha educação depende da tua!” Ora, se nossa educação dependesse dos outros, certamente seria tão instável quanto a quantidade de pessoas com as quais nos relacionamos e para elas, ocasionalmente, ousamos transmitir algum ensinamento.

PREFIRO CONSERVAR EM MINHA LEMBRANÇA AS PALAVRAS DE UM ALUNO CONSCIENCIOSO:

"Penso que esta é a oportunidade ideal para agradecer por tudo aquilo que o senhor faz por mim, por tudo o que me ensina em aula e, também, por tudo de bom que a sua postura séria, honesta e ética sugere a mim e a todos os meus colegas de classe. Recentemente fiquei feliz ao descobrir, por um feliz acaso, que o senhor também transmite seus conhecimentos pela internet e, até por telefone. As redes sociais têm sido uma "mão na roda" para quem, igual ao senhor, demonstra uma imensa alegria em ensinar. Eternamente grato: Saulo ou apenas um aluno consciencioso." (SIC).