Catástrofes e Progresso
Catástrofes e Progresso – Documentário
Catástrofes sempre aconteceram no decorrer da História Humana, mas eram História e ficavam em nossas mentes como marcos de eras longínquas. Quando muito, em tempos mais recentes, eram calamidades tão distantes de nós que quando tomávamos conhecimento dos fatos, já eram apenas registros desatualizados, publicados em jornais, também chegados a nós com considerável atraso.
Dirá alguém que devemos dar o crédito de maior catástrofe ao Dilúvio Universal. Um tanto duvidoso esse conceito, pois o mundo era tão pequeno, na realidade daqueles povos bíblicos, que podemos fazer uma comparação de proporcionalidade, como se o nosso Pantanal – no centro do Brasil – sofresse uma fenomenal enchente que inundasse totalmente aquela área.
Hoje saberíamos que a extensão da catástrofe ficaria restrita a um certo espaço e dificilmente alcançaria todo o Brasil, tornando o suposto dilúvio em um fato de nível continental. No entanto, se essa mesma hipótese acontecesse séculos atrás, antes da Descoberta, os nativos contariam o extermínio dos seres vivos – homens, animais e vegetação, dando asas à imaginação, alimentada por seus deuses e crenças baseadas nos caprichos da Natureza.
O Vesúvio é mais conhecido pela erupção em 79 d.C., que resultou na destruição das cidades romanas de Pompeia e Herculano. Dessa catástrofe ficaram as provas, que hoje são atração turística, na Itália. Falando em ruínas, quem viaja pelo mundo pode constatar sinais das devastações feitas pela própria Natureza ou pela mão e imbecilidade do homem, por meio de guerras e outros meios de destruição.
A China tem um histórico marcante de extermínios naturais, causados por inundações do Rio Amarelo (Huang He) juntamente com outros rios da área combinadas com chuvas torrenciais e o degelo do Himalaia. Em 1887 foi constatada a morte de, aproximadamente, 900 mil pessoas. Em 1931, na mesma região e pelas mesmas causas foram atingidos quase 30 milhões de chineses e contabilizadas mais de 4 milhões de mortes.
Recentemente, em 2007, ainda naquele mesmo país, houve um fenômeno aterrorizante quando, em consequência do transbordamento do Rio Huang He, 2 bilhões de ratos, desentocados pelas águas, famintos, devoravam tudo o que encontravam, inclusive até vacas foram mortas pelos roedores.
A primeira tsunami a ser registrada também foi uma das mais fatais já vistas pelo homem. Segundo estudos, ela ocorreu há mais de 3.500 anos, teve ondas de quase 15 metros e pode ter provocado o fim da civilização minoica, residente na Ilha de Creta. Não somente porque causou a morte de mais de 100 mil pessoas, mas porque justamente essas mortes, junto da destruição causada, criaram uma instabilidade e uma crise que enfraqueceu aquela remota civilização. A tsunami surgiu da erupção de um vulcão submerso perto da ilha mediterrânea de Thera.
Na manhã de 1º de novembro de 1755, Dia de Todos os Santos, Lisboa foi cenário de uma das maiores tragédias da História. Um terremoto seguido por tsunami e incêndios deixou milhares de mortos e igrejas destruídas no extremamente devoto Reino de Portugal, ironia que impactou o pensamento religioso da época. A devastação da cidade, antes de traçado medieval, também possibilitou o nascimento do desenho atual das ruas da capital portuguesa.
O epicentro do terremoto foi a sudoeste da região do Algarve, a cerca de 300 quilômetros de Lisboa. Sua força foi tão grande - entre 8,7 e 9 graus, segundo estimativas atuais dos geólogos - que provocou uma tsunami que afetou todo o Oceano Atlântico, do Oeste da Europa à América do Norte, o Caribe e a costa do Brasil. Por fim, a ação de saqueadores e o fogo de velas acesas em meio aos destroços causaram múltiplos incêndios que duraram cinco dias e colaboraram para a destruição da quase totalidade da capital portuguesa.
Como há dados imprecisos sobre a população portuguesa antes de 1755, a estimativa do número de mortos varia de 10 mil a 100 mil. Cidades como Cascais, Setúbal e Peniche tiveram cerca de 1.500 mortes, e acredita-se que o tremor tenha causado vítimas também na Espanha e no Marrocos. Além de ter destruído ou danificado 23 mil construções, o tremor arruinou 87% das igrejas e 86% dos conventos e monastérios de Lisboa.
Atualmente, quando temos as ferramentas mais modernas e, que a cada dia são mais acessíveis e imediatas, o fenômeno está acontecendo em qualquer ponto do Planeta e nós, em nosso sofá, na frente do computador, ou até num desses modernos celulares com várias funções e configurações, fazendo um lanche ou mesmo comendo pipoca, acompanhamos o evento em todo o seu desenrolar, sem precisar sair de casa, ou do lugar confortável em que nos encontramos.
Flagrantes uma guerra civil genocida na África negra, um ato terrorista ou manifestação popular, no Oriente Médio, em Londres, Nova Yorque ou Rio de Janeiro, somos espectadores imediatos e até cúmplices, conforme as opiniões que tenhamos sobre o assunto em questão.
Não temos mais as dúvidas e questionamentos que nossos antepassados nos deixaram como herança histórica, em relação aos fatos remotos que, como metástases, geraram versões um tanto céticas sobre sua veracidade, tão nebulosos são os dados que chegam até nós.
Sejam inundações, tsunamis, ciclones ou tornados, nossa geração tem conhecimentos científicos à mão para poder avaliar sua extensão e procurar meios de se proteger. Mas, sabemos que não depende de nós, seres mortais – pelo menos, por enquanto – encontrar qualquer maneira de impedir que a Natureza siga seu rumo e modifique a História.