TODO EXCESSO DEGENERA EM VÍCIO
Parece que até a bondade precisa de limites.
A verdade é que em todos os campos , se certas fronteiras forem transpostas, o perigo de deturpação é certo. E o retorno ao estado de sobriedade e comportamento normal, bastante incerto.
Se as atitudes, a princípio pequeninas e simples, a cada dia aumentarem mais e mais, sobretudo as que trazem em si algum germe de deformidade moral, chegará o momento em que se agigantarão, agregando-lhes novas características que poderão ser as de um vício. Sem volta. A não ser Por Deus.
Há que se tomar cuidado com a falta de bom-senso e com os excessos.
Na literatura e nas artes em geral, o Classicismo é a doutrina artística que demonstra profundo senso de moderação e de equilíbrio. Ali, as palavras e as imagens desempenham sempre o seu exato papel. Não há inutilidades.
“ Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer.
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É solitário andar por entre a gente.” ( Luís de Camões
1524- 1580)
A beleza da emoção está aí . Sem gigantismos, mas na essencial medida do bom-gosto. É o belo estilo. Elegante. Doce.
Há uma tal riqueza na literatura, na música e na pintura clássicas que, a cada releitura de um tema, encontra-se sempre um novo detalhe não percebido antes.
Ah! Os rostos iguais e a geometria achatada e dura da pintura medieval não têm a beleza e a harmonia de “ Les Bergers d’Arcadie”( Os Pastores da Arcádia ) de Poussin ( 1594- 1665 ).
O engajamento para atingir a perfeição na Arte, refletindo a Verdade e o Bem, faz do Classicismo um movimento de introspecção, trazendo a Lógica, assim como, o Sentimento .
E esse respeito à estética grega nos dá a certeza de que todo excesso degenera em vício. E que o refinamento e o bom-gosto jamais se tornam reféns do exagero.