Charlie Parker, Dizzy Gillespie e a História Mínima

Ontem, sábado 4 de maio, fiz com meu filho de 9 anos um programa que milhares de pais pelo Brasil devem ter feito: fomos ao cinema assistir o Homem de Ferro 3.

Aguardando o início do filme sucediam-se aquelas sequencias de anúncios, trailers de novas produções e entrevistas que acabam com a paciência de qualquer um. Eis que, subitamente, aparece na tela o Sr. Luís Fernando Veríssimo.

Falando baixinho, pausadamente, anunciava seu programa numa nova rádio online – a Mínima FM. Dizia ele que uma das maiores emoções de sua vida foi, quando em Nova York, assistiu uma apresentação em que tocaram juntos Charlie Parker e Dizzy Gillespie. Não é preciso conhecer muito jazz para saber quem são os dois.

Realmente, para quem gosta do estilo como eu, a sensação deve ter sido única. Até aí tudo bem...nada haveria de novo na chamada para o seu programa não fosse a comparação que fez – no sentido da importância história desta reunião – com uma das maiores fraudes da História: a viagem de Lênin rumo à famosa Estação Finlândia.

Acredito que o nosso representante dos socialismo dos pampas não teve tempo de, entre um exercício de saxofone e uma coluna para Revista Playboy, ler Lênin – A Biografia Definitiva (Ed. Bertrand Brasil, 2000). Na página 302 fica muito claro que o herói de Luís Fernando viajou com a licença do Kaiser não só em troca da libertação de prisioneiros alemães feita pelo governo russo que queria derrubar mas também para acelerar a saída da Rússia da Primeira Guerra Mundial através de uma revolução Bolchevique.

É uma pena que alguém que se apresenta à nação como representante da intelectualidade se preste a fazer uma comparação tão absurda como a que fez Veríssimo. Charlie Parker e Dizzy Gillespie não mereciam ter sua jam session comparada a uma farsa montada pelo Governo Alemão para levar a Rússia à tragédia de uma Guerra Revolucionária.

Esses dois músicos passaram toda sua vida encantando as pessoas que os escutavam e mudaram toda história do jazz. Lênin foi o assassino idealizador de uma sociedade em que pereceram milhões e que deixou como único legado as mentiras do Sr. Luís Fernando e do Partido que assassina prefeitos, esconde dinheiro nas cuecas e compra o Congresso Nacional. Não é só a Rádio do Veríssimo que é “Mínima” - sua noção de Verdade na História também o é.

Porto Alegre, 5 de maio de 2013.

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cardiopires
Enviado por cardiopires em 05/05/2013
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