Curitiba e o Frio
Curitiba e o Frio
Carlos Aar Oliveira
Por muito tempo imaginei como explicar a forasteiros o comportamento do curitibano.
Para entender na íntegra, apenas conhecendo a história da cidade, como se formou, e como se desenvolveu.
Nascemos uma colônia de São Paulo, junto veio um complexo de inferioridade brutal.
Depois as colonizações feitas pelos imigrantes, e aja imigrantes.......
Foram eles Italianos, Poloneses, Alemães, Portugueses (estes se achavam donos), Árabes, Judeus, Espanhóis, cada um formando um gueto próprio.
Como todos haviam sido perseguidos por todos, gerou-se uma desconfiança até do sol.
Fui criado ouvindo não fale com estranhos, pois estranhos eram todos entre si, daí...................
O medo gerou o isolamento, e o clima, a desculpa da falta de sociabilidade.
Diferente das outras cidades do país, os fins de tarde aqui são na maioria dos dias de um ano, frios e chuvosos.
Ao fim de um dia de trabalho, você pegava um ônibus cheio de estrangeiros que mal falavam o português (língua oficial e desconhecida de todos), mas sim o idioma natural, verdadeira torre de Babel. Então falar com quem e como?
Entre ficar gelando num boteco e conhecendo pessoas “perigosas”, melhor sentar na beira do fogão, tomando um chocolate quente, comendo um pinhão.
Passados os anos daqueles frios loucos que nos assolavam, e com a inevitável miscigenação, pois as crianças cresceram e precisavam casar, e com quem poderiam fazer isto? O filho do judeu acabava só tendo a filha do árabe disponível, ou o filho do Portuga acabou casando com a filha do espanhol.
Aumentou consideravelmente o numero de familiares e assim a sociabilização começou a mudar cara da cidade.
Hoje temos um considerável numero de botecos cheios de estranhos se relacionando, vivendo a nova Curitiba e mudando o conceito de um povo frio e sem amizades.