Língua Internacional: ao povo seu idioma, aos povos o Esperanto

O movimento é um vetor de integração mundial pelo sonho de um idioma unificando toda a humanidade. Ludwik Lejzer Zamenhof, criador da língua, publicou a versão inicial do idioma em 1887 com 15 anos .

Nasceu em uma cidade chamada Bialystok localizada no nordeste da Polônia fronteira com a Rússia uma região onde, na época, se falava quatro idiomas (Polonês, Russo, Alemão e a língua lituana). Nesse cenário, Zamenhof percebeu que havia dificuldade de comunicação entre pessoas que precisavam se relacionar por estarem dividindo um mesmo espaço físico. Então seu intuito foi criar uma língua fácil de aprender e que servisse de língua franca internacional.

No começo o sucesso da Língua Internacional foi imediato - como conta o Presidente da Liga Brasileira de Esperanto, Carlos Pereira: “O famoso escritor russo Leon Tolstoi defendia a propagação da língua e diz em seu livro de memórias que aprendeu Esperanto em 2 horas”.

O Esperanto é uma língua que carrega os valores da paz mundial e da integração entre as nações. Nasceu com a intenção de se tornar uma língua compreensível para todos os povos. Atualmente, é falado em 242 países do mundo.

O objetivo não é substituir a língua pátria de cada país, mas sim servir como segunda língua, comum a todos os povos com a finalidade de facilitar o tratamento das questões mundiais. Carlos Pereira afirma que “o idioma não têm o objetivo imperialismo cultural, religioso, econômico ou político de nenhuma nação sobre as outras, atua somente, como fator de preservação da cultura e da soberania dos povos.”

ESPERANTO NAS ESCOLAS

O projeto de Lei (PL6162/09) do Senador Cristovam Buarque (PDT/DF), propõe a criação de um artigo na Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional, com o objetivo de ensinar a língua internacional Esperanto no Ensino Médio, que entraria na grade curricular como matéria optativa. O Deputado Distrital Israel Batista do recém-criado Pen (Partido Ecológico Nacional), têm ressalvas sobre a iniciativa. “Acho que o inglês e espanhol deveriam funcionar melhor no ensino das nossas escolas antes do Esperanto ser matéria facultativa” observa.

Muitos dirão que o ensino público tem problemas demais para se "inventar" mais essa. Mas segundo, o Delegado-chefe para o Brasil da UEA, James Piton isso é um engano. “Essa matéria "a mais" poderia contribuir muito com as demais: geografia, história, artes, outras línguas. Porque saber uma língua como o Esperanto faz espontaneamente querer conhecer como pensam outros povos”.

Sites que antes não usavam o Esperanto agora já o utilizam. A rede social “Facebook” e o site de busca na web “Google”, são exemplos. O jornal francês “Le Monde Diplomatique” publica uma versão no idioma. O sistema operacional Linux também tem sua versão, assim como o programa de texto OpenOffice que corrigi ortografia na língua. A wikipédia, em Esperanto possui mais de 144.000 artigos, traduzidos ou originalmente escritos por esperantistas.

O idioma é visto pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e a Cultura - UNESCO como ferramenta viável de comunicação internacional e democrática entre as culturas como instrumento de proteção à diversidade linguística.

Existem críticas ao Esperanto. A viabilidade de sua disseminação, a artificialidade, a falta de cultura própria das línguas étnicas e de não servir para poesia. Segundo o Presidente da Liga essas críticas vêm da falta de informação e excesso de pragmatismo. “ Hoje em dia a grande mídia não se interessa por temas como esses. Além disso, é comum a gente encontrar universitários que nunca ouviram falar de Esperanto. Na década de 70, qualquer pessoa com esse grau de escolaridade já tinha, ao menos, ouvido falar da Língua” conta o professor de Esperanto da UnB, Paulo Nascente.

O Esperanto é uma língua viva, moderna, jovem e com vocabulário amplo para todas situações da atualidade. A Universidade de Brasília oferece aulas no campus Darcy Ribeiro na Asa Norte. Para o público externo o valor do curso, por módulo (ou nível), é de R$ 645,00 (seiscentos e quarenta e cinco reais), podendo dividir em três parcelas de R$ 215,00 (duzentos e quinze reais).

Na Liga Brasileira de Esperanto encontra-se uma biblioteca com 1.116 títulos sobre o assunto. E grandes clássicos da língua portuguesa como “Os Lusíadas” de Camões e livros da atualidade como “O Senhor dos Anéis” de J. R. R. Tolkien. Maurício de Sousa e Ziraldo também têm “A turma da Mônica” e “Menino Maluquinho”, respectivamente, traduzidos para Esperanto.

A China já se manifesta a favor do uso da língua esperantista e a adotou como disciplina opcional no currículo das escolas e universidades. Dessa forma, aumentam a procura e oferta de estudos como, por exemplo, cursos de pós-graduação em Esperantologia. Já na Hungria, o idioma Internacional é opção em línguas estrangeiras no vestibular desde 2000.