Ex-Bom Jesus dos Meiras
Abaixo de uma fazenda denominada Bom Jesus do Campo Seco, às margens do Rio do Antônio, localiza-se uma cidade que no passado se chamou Bom Jesus dos Meiras, atualmente Brumado.
Nasceu de uma povoação que cresceu espontaneamente com a chegada de famílias de outras partes da Província, quando foi erigida ali uma freguesia, pela Lei Provincial nº 1.091, de junho de 1869.
A pedido de seus habitantes, foi construída a Igreja do Bom Jesus, que teve como primeiro vigário o padre José Mariano Meira Rocha.
Primeiro pertenceu ao Município de Nossa Senhora do Livramento das Minas do Rio de Contas, e depois foi anexada ao Município de Caetité, até ser elevada à categoria de Vila e ser criado o Município de Bom Jesus dos Meiras, conforme Lei Provincial n.º 1756, de 11 de junho de 1877.
Em 1931, através de um Decreto-Lei da Secretaria do Interior e Justiça, esse nome foi mudado para Brumado, tendo como principal responsável pela triste mudança o próprio Secretário, Dr. Bernardino de Souza, que, dizia ele ter ojeriza aos nomes compridos, e também pelo simples motivo de o Rio Brumado passar no limite deste município com Livramento de Nossa Senhora. Esses foram os motivos que o levaram a decidir, de maneira antidemocrática, pela injusta mudança do nome de Bom Jesus dos Meiras para Brumado, sem consultar a população e sequer comunicar ao poder administrativo, de quem também não houve nenhuma palavra de protesto.
O ilustre Secretário, Dr. Bernardino de Souza, Professor Catedrático de Direito, ignorou o Brasão deste município, que tem a cruz firmada em vermelho, simbolizando a devoção ao Padroeiro Bom Jesus, e a Cruz de Ouro sobre o campo vermelho (que é da cruz firmada), o atributo heráldico da família Meira como evocação também aos seus fundadores.
O lema “Em tudo a cruz” alude à feliz coincidência dos elementos heráldicos que se equilibram e se completam, tendo a cruz como inspiração fundamental.
Desde a substituição do vocábulo Bom Jesus dos Meiras para Brumado começou a gerar problemas negativos, sendo o primeiro com a publicação do Decreto-Lei Estadual n.º 832, do dia 10 de agosto do mesmo ano, anexando o termo deste município (ex-Bom Jesus dos Meiras) para a comarca de Ituaçu, que somente em 9 de junho de 1945 foi restaurada, conforme Decreto-Lei Estadual n.º 512.
Aqui, se ouve a população reclamar que em Brumado nada vai à frente. Já existe a hipótese de que o fenômeno que interrompe o progresso desta cidade origina-se do próprio vocábulo Brumado.
Segundo dicionaristas dos mais famosos da Língua Portuguesa, o termo bromado tem sua origem no castelhano “bromo, bromar, embromar, desenganar, degenerar, falhar e, finalmente, enganar”.
O padre José Dias Ribeiro da Silva, natural de Portugal, inesquecível vigário da paróquia deste Município, então Bom Jesus dos Meiras/Brumado, costumava dizer em seus relatos que o nome Brumado originava-se das Brumas, uma característica da região da Serra Geral e da Chapada Diamantina.
O que nada tem a ver com brumas.
Este nome originou-se do Rio Brumado, que nasce na Serra das Almas, no Município de Rio de Contas, cujo nome verdadeiro era Rio de Contas Pequeno, que depois passou a chamar-se Rio Bromado, esse mesmo que banha pequena área deste município de nome Rio Brumado.
Porque Rio Bromado? Numa época em que se exploravam uma mineração de ouro na cabeceira daquele Rio, os bandeirantes mineradores usavam um metal reativo e venenoso chamado bromo, para separar o ouro do cascalho, trazendo sérias complicações aos habitantes ribeirinhos que iam em busca do precioso líquido para beber e voltavam com potes e latas vazios a reclamarem: a água está bromada. O rio bromou. Daí se deu o nome de Rio Bromado, que depois ficou conhecido como Rio Brumado.
Um município igual ao nosso que possui uma célebre riqueza mineral de Talco, Magnesita, ferro, esmeralda, vermiculita e muitas outras inclusive com a última descoberta na década de 1970 da existência de urânio no desaguar da Serra das Éguas para o Bastião, talvez a melhor solução seria mudar o nome deste município para MINÁPOLIS o que significa muitas MINAS.
Com o ferro extraído deste subsolo, o primeiro Intendente deste Município, o Coronel Exupério Pinheiro Canguçu, montou uma Usina Siderúrgica artesanal em 1868, semelhante às fundições existentes em Minas Gerais, quando confeccionou peças e artefatos em ferro e em aço de várias espécies durante 10 anos.
Atualmente temos aqui três firmas mineradoras importantes, sendo uma delas a Magnesita S/A,a primeira a trazer emprego e renda e a exportar talco e magnesita em alta escala para outros países do mundo.
Depois dela, veio a Indústria Química Xilolite S/A, e em seguida veio a Ibar Nordeste S/A.
O vocábulo Minápolis é o marco do desenvolvimento deste município de singular riqueza mineral, como já disse antes, quando me faltou dizer do granito e do cristal de rocha extraídos artesanalmente do nosso território.