A ATRAÇÃO VIRTUAL
Como defensora dos direitos iguais entre homens e mulheres sem, contudo, considerar-me feminista e sem ignorar que entre os dois gêneros existem diferenças peculiares, físicas e emocionais, ponho-me a refletir sobre ocorrências não só do meu cotidiano, mas como de pessoas ao meu redor, próximas a mim ou apenas conhecidas.
Eu sempre acreditei na atração do olhar, como diz a canção dos anos 80. “... quando homem e mulher se encontram no olhar, não há força que os separe...” ( na maioria dos meus relacionamentos, aconteceu assim-)
Mas aí, chegou a Internet!E hoje em dia, não é mais tanto a força do olhar, mas, a atração virtual.
E como se dá essa atração virtual? Independente dos recursos que cada vez mais são usados, como fotos, webcam, vídeos, etc.., há sempre um primeiro “Oi” Td bem? De onde vc tc?”
E em seguida as descrições de cada um, suas preferências, o que fazem, gostam. Nesse ponto, mesmo sem a utilização de foto, você já consegue fazer uma imagem da pessoa.
Mas a internet é “perigosa”. “Voce não sabe quem está do outro lado”, “ Pode ser um psicopata”, - essas são as variações que povoam as mentes dos internautas.
Entretanto, mais forte que qualquer dessas possibilidades, é a atração que faz com que você acredite que há alguém do outro lado com suficiente afinidade com você que impulsione o contato além da tela.
E quantos já não partiram para essa etapa e encontraram pessoas confiáveis, legais, com quem passaram a manter amizade ou mesmo um relacionamento?
Apesar de ter muitos opositores, de ser questionada, de ser apontada como algo fútil, a Internet vem, inegavelmente, aproximando pessoas e isso jamais poderá ser considerado como algo ruim; e a atração virtual parece que está, de certa forma, se antepondo á famosa força do encontro no olhar de que fala a belíssima canção.
Contudo, apesar desses avanços na forma de aproximação das pessoas, uma característica secular ainda é muito forte no meio desse processo: o machismo!
Com o advento da atração virtual, é fácil prever que há mais liberdade e as mulheres acabaram por serem mais protagonistas nas abordagens, ou seja, havendo a atração virtual e as condições objetivas de realizar, muitas mulheres estão indo “ na frente”, ou seja, estão dando o primeiro passo, estão indo ao encontro movidas por essa emancipação que conquistamos e, diga-se de passagem, com muita luta.
Mas, o que se percebe? É que o sexo masculino, tão acostumado a ser o primeiro a avançar e culturalmente moldado para entender que “ mulher não pode dar o primeiro passo”, ainda não assimilou direito esse progresso social, esse passo importante do ser humano no sentido do exercício de sua liberdade individual.
O homem, então, se vê diante da “ousadia” feminina e ele não está preparado para ela; e mesmo aqueles que vêem com bons olhos, são surpreendidos.
E nessa surpresa eles tendem a preferir o afastamento daquela que foi capaz dessa ousadia e vão em busca do modo tradicional .
Como disse acima, não sou feminista ( e muito menos machista) e ,na verdade, eu rejeito qualquer um desses “ ismos” justamente porque eles interferem negativamente nas relações humanas e acabam por alimentar velhos estigmas.
Tenho a percepção, ( talvez pela minha experiência de vida, pela minha leitura, pela minha visão de mundo, pela educação que recebi, pelo reconhecimento do que o ser humano é capaz),que duas pessoas ainda podem ser atraídas pelo olhar, sem dúvida ,mas que precisamos estar preparados para os relacionamentos ( para sempre ou eventuais) que se formam a partir da atração virtual.