Nesses quase cinquenta anos
Talvez um dos meus maiores aprendizados nesses meus quase cinquenta anos, seja o de que não existe transformar o outro sem se transformar também.
Quando a gente se interessa pelo outro, a gente tende a se tornar uma melhor versão da gente mesmo.
Multiplicar essa sensibilidade social e humana é uma das minhas grandes paixões.
Valorizo muito os relacionamentos e por isso creio que é necessário uma responsabilidade de minha parte na transformação do mundo a minha volta.
O mundo não é uma redoma de vidro, onde a vida de cada um é centrada apenas em sua performance pessoal. O mundo é a mente aberta de seres sem fronteiras, mas nele há mentes que precisam ter a convicção de que tudo requer mudança e que essas mudanças tem que partir sempre do EU para que haja mudança no VOCÊ, e assim possamos ser NÓS.
Nesses quase cinquenta anos, adquiri a crença de que se você não faz nada, você também acaba sendo excluído. E sendo mais um excluído entre tantos você passa a perder a responsabilidade que lhe cabe por direito e por dever de transformar o mundo a sua volta.
Nós temos o direito e o dever de saber a quantas anda o mundo ao nosso redor.
O mundo carece de seres que tenham interesse pelo outro e não tão somente por si mesmo. Chega de tanto egoísmo. Chega de se achar perfeito e dono da verdade. A maior alavanca para um mundo mais humanizado é a mudança que se inicia de nós para nós mesmos para alcançar o outro.
É fundamental que tenhamos interesse pelas histórias dos outros. Temos que perder a antiga idéia que devemos salvar só quem esta em situação de risco. Viver em uma redoma de vidro também é uma situação de risco.
Não acredito nos heróis dos filmes de ação, mas nos heróis que surgem na vida real. Existem bem mais heróis reais que os fictícios.
Heróis que passam despercebidos, que se perdem no anonimato da vida corrida, da busca desenfreada do não sei o que....não sei para que...nem para quem....
Heróis como nós que nos transformamos pelo outro, para o outro...Nos metamorfoseamos para metamorfosear o outro.
Nesses meus quase cinquenta anos eu descobri que viver é a mais complexa arte, onde os artistas de verdade colorem-se por primeiro para verem o reflexo da sua cor, refletindo nos olhos do outro.
Aprendi que o NÓS só acontece quando a gente se funde em NÓS MESMOS na formação do outro.