Curiosidades sobre a nossa linguagem...
NOSSA LINGUAGEM E A COMUNICAÇÃO PESSOAL
Você já reparou como nossa linguagem nos oferece situações ‘sui generis’ no que diz respeito à interpretação de um fato e sua divulgação, pois quando o episódio é repassado pode transparecer diversos pontos de vistas, dependendo de quem irá relatar o acontecimento.
Apenas para poder dimensionar este raciocínio utilizarei um fato específico, mas que deve ser constatado por dois observadores diferentes, para notarmos que um mesmo episódio pode ser visualizado e comunicado de forma distinta, dependendo do interesse e do grau de cultura de quem se vê diante daquele contexto.
Ponho à disposição o seguinte fato: Um fazendeiro põe um cavalo puro sangue para cruzar com sua égua.
Assim, vou direcionar minha narrativa por duas esferas diferentes de interpretação. Primeira: considerando o ato acima citado dentro da visão de um médico veterinário. Segunda: considerando o ato dentro da visão de um peão da fazenda, que certamente terá a incumbência de direcionar o ato da cópula, providenciando o encontro entre os animais e a prática do ato em si.
O médico veterinário – ao observar esse ato – e tendo que narrá-lo a um dos proprietários assim dirá:
- Ficou resolvida a cruza entre o garanhão puro sangue de sua propriedade e a receptora; aquela égua de excelente origem que, certamente, nos dará um ótimo resultado genético. Todo mundo vai ganhar com essa cobertura; o proprietário do puro sangue estabelecerá um marco no mundo dos criadores, cuja fama poderá render-lhe bons dividendos; o proprietário da fêmea, por sua vez, pode ficar satisfeito visto que essa cruza lhe renderá um bom potro.
O peão da fazenda – observando o mesmo ato, dirá:
- Pois é. O patrão mandou vir uma égua pra cruzar com aquele cavalão viçoso da fazenda. O bicho ficou 'bagual' e foi logo se atracando com a tal égua, sem piedade. Deu um trabalhão danado, pois tive de amarrá um buçal na sua boca pra ele num mordê os pelos da danada! Mas, depois foi só uma fuzarca que não tinha fim! Nossa Senhora! Parecia que o bicho tava encarnado com o “capeta”, urrava mais que gente doente!. Pois é Doutor! - Acho que valeu a pena. Eu vi que tudo vai dá certo: - O senhor vai ganhá um dinheirinho vendendo ‘a disposição’ desse cavalão e a égua vai dá um cavalinho muito bom pro senhor vendê, não é?
Veja que o ato foi presenciado por observadores diferentes e cada um narrou a estória de acordo com os limites de sua linguagem e também de sua visão sobre aquele ato. O médico veterinário utilizando língua própria da profissão e o peão citando os fatos de acordo com a sua concepção de leigo quanto aos conhecimentos técnicos, mas um profundo observador no que diz à riqueza dos detalhes, que lhe pareciam mais importantes do que o próprio objetivo do cruzamento.
Assim, não há dúvida de que a linguagem também obedece ao grau de conhecimento de cada um, independentemente do conhecimento gramático ou ortográfico, já que o conhecimento empírico ajuda a nos adequarmos ao ambiente em que vivemos, pois em cada região existem formas de comunicação diferenciadas, o que chamamos de “regionalismo”.
Dito isso, é certo que não podemos desprezar o: - “Bah, Tchê! do gaúcho; - o 'Uai” do mineiro; - o “Mano” do paulista; - o “Bichinho” do nordestino. Enfim, temos de considerar todas as características de especialidade que cada região produz de acordo com seus hábitos e costumes, tanto que com o passar dos tempos algumas palavras são até incorporadas como elementos de nosso dicionário.
O importante nisso é sabermos valorizar cada um dos setores dessa linguagem, pois certamente não podemos desprezar a comunicação de alguém que não teve oportunidade de ir à escola, pelas diversas razões que observamos em nosso País.
Não obstante, as regras da exigência moderna nos dizem que temos de trilhar a existência de uma base escolar que possa nos oferecer subsídios suficientes para que possamos nos comunicar com eficiência, principalmente no mundo moderno e globalizado, onde as exigências são mais rigorosas neste mundo da comunicação, que caminha a passos largos rumo ao formalismo didático, tanto que todos os concursos existentes denotam como item principal o conhecimento gramatical.
Assim, cabe a cada um de nós – principalmente aos jovens que se preparam para enfrentar a concorrência – buscar o conhecimento científico, em qualquer área que pretendem trilhar, pois somente este setor filosófico o levará a uma profissão de relevância tanto no mundo profissional como no social.