Sobre cérebros

O cérebro é , dentre todos os órgãos humanos, quiçá o mais emblemático e indecifrável, pois nele se processam os pensamentos que poderão ou não tornarem-se atos concretos. Tal como um projeto que sequer vai para a mesa do arquiteto e , menos ainda para o canteiro de obras do engenheiro, uma idéia pode adormecer para sempre nas profundezas obscuras de alguma das circunvoluções cerebrais, quem sabe sob nomenclatura de encéfalo , lóbulo , cerebelo, etc e tal .

Dizem que o cérebro humano processa a razão crítica e que nisso reside a diferença com os outros cérebros animais onde apenas manifestam-se os instintos . Mas até nessa seara ainda se alimentam belicosas divergências, sobretudo daqueles que defendem a existência de afeto nos animais – um amor incondicional – e poderia , dizem alguns, haver maior manifestação de razão do que o amor ?

Talvez dentro da arrogância tão própria à nossa espécie, nós humanos , estejamos sendo um tanto quanto radicais em não admitir a hipótese de que outras variedades de energias vitais co-existam fora do corpo físico e que apenas nossos cérebros funcionem como um mero processador físico de plexos energéticos que orbitam em outra dimensão fora do corpo físico, mas com ele conectada.

Alguns pesquisadores asseguram que após a morte existem algumas miligramas que se perdem no peso físico e , categoricamente , afirmam que esse “peso” não corresponde a nada que pudesse se relacionar à massa física da pessoa falecida . Seria, pois , essa a prova definitiva de que algo que não estava no corpo físico , mas simplesmente presa a ele , possuía um peso invisível aos olhos ou mesmo aos modernos aparelhos criados pelos homens.

Despidos da empáfia tão comum à espécie nossa raça tem no limiar do terceiro milênio a rara oportunidade de permitir ao cérebro o processamento das possibilidades reais de que o corpo físico não seja o limite para o mistério da existência e que, muito provavelmente, nossa capacidade de pensar criticamente tenha seu viés atrelado num outro plano . Num patamar desconhecido – uma ponte – que nos liga desta dimensão para outras que talvez nos esperem no final do interstício .

Sim – no final do interstício – porque o cérebro ensinou-me a entender que a melhor definição de vida que li até hoje , e nem lembro bem onde foi que a li , é de que ela não passa de um intervalo entre duas ausências . Se por acaso no cérebro de algum leitor existir melhor definição, ótimo ...