PRESENTE
O frevo é patrimônio da humanidade !
Publicado em Opinião do Diário de Pernambuco
28.12.2012
Neste 5 de dezembro, o frevo tornou-se Patrimônio Cultural \Imaterial da Humanidade, através da UNESCO e por unanimidade. É um presente de Natal para o povo pernambucano, em especial, para os recifenses. Centenário, mas, sempre jovem e arrojado, nosso ritmo superou o desprezos que lhe deram e hoje, brilha com luz própria não somente nos Quatro Cantos de Olinda, mas, em todos os recantos do mundo...Por feliz coincidência, eu recebi um duplo parabéns, pois, comemorei, também, o meu aniversario naquela data.
Atravessando todas as crises e dificuldades, mesmo sendo autêntico e genuíno, foi exaltado por outros povos e dá o exemplo de superação das omissões que existe na cidade onde nasceu. Agora, será que os incrédulos irão reconhecer o seu real valor? É bem possível que sim, pois, aqui tudo se copia, nada se cria...
No Recife, muitos que estão ou estiveram no poder não tiveram a sensibilidade ou mesmo, o conhecimento suficiente para deixar o frevo ocupar um lugar ao sol, mas, em contrapartida, ele foi prestigiado no exterior a ponto de se tornar Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade. Que felicidade! Quanto orgulho para nós autênticos pernambucanos, que enaltecemos e preservamos o que é nosso... Porém, é lamentável que no ano em que se noticia algo tão significativo para a nossa cultura, a Prefeitura do Recife decide não realizar o Concurso de Música Carnavalesca que tem o frevo como sua principal atração. Nem a Lei que exige essa realização foi respeitada...
Paradoxalmente, representantes da municipalidade estiveram presentes quando da votação para a escolha do frevo como referência cultural em todo o mundo. Ora, onde está a lógica dessa atitude? Foi preciso viajar por conta do erário para que viessem a reconhecer a grandeza do frevo? E por que antes do fato relevante ocorrer não lhe conferiram o devido valor e respeitaram o seu berço natal e, ainda, o slogan: Recife Capital do Frevo? Só há uma resposta: a viagem foi puro turismo cultural... Agora, tudo é festa e muitos se locupletam do fato histórico para embarcar na onda do frevo, mesmo sem saber nadar no seu ritmo frenético e representativo para Pernambuco. Mas, estamos na época do Natal e o momento é propício para reflexões e perdão para pecados e omissões.
Que os maus exemplos sirvam de lição e jamais sejam repetidos e, doravante, possamos ter gestores da cidade que tenham discernimento e respeito para com as nossas causas e coisas, preservando com o devido apreço a nossa memória cultural sem, contudo, dependermos de manifestações externas. Enfim, falta coerência entre o discurso e a prática...