PICOS: 122 ANOS

PICOS: 122 ANOS

(*) Edimar Luz

Hoje é dia 12 de dezembro, data em que Picos comemora o seu 122º aniversário, isto é, a nossa cidade está completando exatamente 122 anos de emancipação política e, por este motivo, e como filho desta terra, venho prestar-lhe a minha simples homenagem através deste jornal/site, enfatizando, inclusive, um pouco de sua história, bem como alguns indicadores que expressam ou demonstram consideravelmente o seu desenvolvimento.

Como já observamos, a preocupação com o passado da cidade de Picos vem se avolumando de alguns anos para cá, suscitando trabalhos de memórias e a publicação de algumas obras que constituem repositórios de dados. Assim, o objetivo principal é concorrer para aumentar o acervo de noções válidas a respeito da sociedade picoense desde os primórdios de sua existência. Tivemos a oportunidade de verificar e apreciar a publicação de importantes trabalhos sobre o passado de Picos, por ocasião das comemorações do centenário da cidade, há vinte e dois anos.

Antes de tudo, cabe também recordar aqui a valiosa contribuição de Ozildo Albano, juiz, historiador e professor, cujas idéias de invulgar lucidez muito contribuíram para aumentar o acervo cultural do município, pois foi ele, inclusive, o fundador do museu Capitão-Mor João Gomes Caminha, o Museu de Picos, que hoje tem o seu nome, e sendo, ainda, considerado merecidamente o guardião da memória de Picos. Ele foi também nosso professor do ginásio (ensino fundamental II) e 2º grau (ensino médio).

No tocante à colonização do município, é importante ressaltar que quando aqui chegaram, os colonizadores, se impressionaram com a exuberante paisagem que reflete a fertilidade de uma terra doce e próspera, banhada por um rio de águas cristalinas, o Guaribas, cujas margens, verdejantes e excelentes para a prática ou atividade agropastoril, muito influenciaram no povoamento deste lugar. Portanto, no desígnio de seu espírito desbravador, os tropeiros ou cavalarianos, como eram chamados, vindos de Pernambuco e da Bahia, estabeleceram uma pousada no vale do Guaribas, e , posteriormente, alguns fixaram residência, como as famílias Borges Leal e Borges Marinho, que principiaram o povoamento do município de Picos. Mais ou menos naquela mesma época chegava à região, procedente de Portugal e vindo pela Bahia, a importante e tradicional Família Luz, família de origem européia luso-espanhola, estabelecendo-se no local onde hoje se encontra o nosso Bairro Ipueiras. Os bairros Ipueiras e Baixio da Ipueiras foram fundados pela Família Luz (minha família), que naquela época ao chegar a Picos, vinculou-se, entre outras, com estas outras famílias acima mencionadas, participando ativamente da fundação e povoamento da cidade de Picos, esta cidade que é o maior núcleo da Família Luz no Brasil.

É bom lembrar, pois, que após os negociantes e criadores de cavalos e muares, teve início, através de compra ou de troca, o ciclo das fazendas de gado. Cumpre destacar que as primeiras vilas e cidades brasileiras surgiram na orla litorânea, mas, na realidade, os criadores de gado, ao mesmo tempo em que penetravam pelo interior adentro, com os seus rebanhos e suas tropas de muares, consolidavam a ocupação do interior. A atividade pastoril foi a fonte que deu origem a inúmeras cidades, como foi o caso de Picos, graças às pastagens excelentes do vale do Guaribas na época da colonização do município e à água de boa qualidade que o rio oferecia.

Mas diante das vicissitudes que o tempo proporcionou, Picos, que foi paulatinamente se desenvolvendo e galgando os obstáculos que lhe apareciam à frente, é hoje indubitavelmente uma cidade voltada para o progresso, destacando-se nitidamente entre as principais cidades do interior nordestino. Na verdade, a nossa cidade, hoje, é um centro sub-regional, e, sobretudo, um pólo comercial, possuindo ainda um relativamente grande parque industrial, e grande pólo Universitário e também de Saúde.

O município de Picos, primeiro em arrecadação de ICMS do Estado, fora a capital, cresce cada vez mais, e sua feira livre, considerada a maior do Nordeste Ocidental, já chega a sufocar o centro da cidade, sobretudo aos sábados.

Picos é considerado o celeiro do Piauí, graças à sua grandiosa produção agrícola, exceto nos anos em que as secas assolam o município. A agricultura se destaca como um dos principais sustentáculos da economia local. A pecuária também é de extrema importância.

Cumpre também destacar que o nosso município, entrecortado por várias rodovias, devido à sua extraordinária localização geográfica, transformou-se no maior entroncamento rodoviário do Estado do Piauí e no segundo maior da Região Nordeste. (Talvez o maior)

Picos, município modelo, terra hospitaleira que abriga contingentes populacionais de todas as cidades circunvizinhas e de vários outros estados brasileiros, situa-se, como sabemos, na zona do sertão nordestino, zona esta de clima semi-árido e sol causticante, com chuvas escassas e irregulares.

Mas desde o início do povoamento, Picos mantém-se em sintonia com a fé, escudo do nosso povo, sob a proteção de nossa padroeira, Nossa Senhora dos Remédios, cuja imagem repousa no interior de nossa majestosa e imponente catedral, que ostenta uma beleza fascinante e imensurável.

Parabéns, Picos!

Picos, minha cidade querida... Há vinte e dois anos comemoramos o teu centenário!

Obs. Quero aqui ressaltar que este artigo/texto, por mim produzido em dezembro de 1993, sob o titulo de “Picos: 103 anos”, é parte integrante do meu livro Memórias do Tempo, já tendo sido, inclusive, publicado nos seguintes jornais, desde 1993: Tribuna de Picos/ Tribuna do Povo, Jornal de Picos, Vale do Guaribas, O Povo, Correio de Picos, Folha de Picos, Total Informativo, Correio do Piauí, de Teresina, dentre outros. Direitos reservados ao Autor. Picos, 12 de dezembro de 1993.

(*) Edimar Luz é articulista, compositor, escritor/cronista, memorialista, poeta, professor e sociólogo formado em Recife - PE.

Picos - PI, 12 de dezembro de 2012.

Edimar Luz
Enviado por Edimar Luz em 12/12/2012
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