Memória de nossa gente

Renato Phaelante da Câmara

Pesquisador de MPB e Pós graduado em história de Pernambuco, pela UFPE

Publicado em Opiniao, Diário de Pernambuco 02.12.2012

Este é um tema que vimos desenvolvendo há bastante tempo, pelo Rádio e pela TV, nos trabalhos que temos publicados, em livros jornais e revistas. É, sem dúvida, um tema sugestivo e de grande significado para nós nordestinos e, particularmente, pernambucanos.

Vez em quando paramos para refletir sobre a quem cabe a tarefa de análise e divulgação de nossa produção artística e cultural. Ao governo? À empresa privada? À comunidade como um todo? Não. Este tem de ser um trabalho conjunto onde cada um deve ter em mente a responsabilidade de divulgar e valorizar nossa cultura. Reconhecemos que um ou outro resistente possa, extra oficialmente, empunhar esta bandeira, mas nada tão relevante que permita ser ela vista por todos os que têm de se envolver no processo.

Cabe aqui, reconhecer e elogiar o trabalho do governo Eduardo Campos, ao preservar essa cultura mostrando ao Brasil e ao mundo o que nós produzimos nos campos artístico, cultural e folclórico. Tudo isso, aproveitando um espaço até pouco tempo esquecido no Marco Zero e que, de repente, vai sendo transformado numa vitrine representativa do talento e da força criativa do artista pernambucano.

Sentimos, no entanto, falta de apoio à nossa produção literária e musical. Agora, que temos tal espaço é oportuno que se lembrem dos músicos, escritores e de seus trabalhos, com um local naquele espaço para comercialização de suas criações.

Com tristeza, entretanto, soubemos, há poucos dias, que um projeto de resgate em CD de parte da obra do maestro José Menezes elaborado pela L. G. Projetos foi rejeitado quando analisado pelo Funcultura. Um projeto que visava defender e trazer para as novas gerações o nome de um dos maiores benfeitores da música de Pernambuco e do nosso carnaval. Ele, em 12 de abril de 2013, estará completando 90 anos de vida e nada mais justo que lhe dedicar uma homenagem. O momento se faria oportuno. Mas, a homenagem foi posta de lado, em detrimento de outros trabalhos aprovados que esperamos sejam bem justificados. Constatando, por outro lado, a vontade política atual de fortalecimento de nossa cultura artística, algum patrocínio, seja de órgão governamental ou da empresa privada, poderá ainda corrigir este lapso e saldar essa dívida para com o maestro Menezes, tão significativa figura da história musical de Pernambuco.

LUIZ GUIMARAES
Enviado por LUIZ GUIMARAES em 02/12/2012
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