Sobre a música contemporânea

Nunca houve tantas riquezas espalhadas pelo mundo, nunca a humanidade foi tão rica; vivemos na época mais próspera de todos os tempos. Mas continuamos pobres de espírito.

Atentemos para a música que ouvimos: quase toda ela é de origem anglófona. A razão para isso é muito simples:

Desde, pelo menos, a segunda guerra mundial, os Estados Unidos dominam a produção de discos, filmes e demais meios de reprodução de música. Eles próprios, naturalmente, privilegiam a música anglófila, aquela que eles conseguem compreender. As canções compostas em línguas exóticas soam estranhamente para eles. Por essa razão, principalmente, eles ouvem a música anglófona e a distribuem pelo mundo, e é por isso que nós outros, pobres de espírito, nos contentamos com esse filtro, e nos privamos da música feita por todo o mundo.

A música é uma manifestação humana universal, uma atividade que nos distingue dos animais (talvez as baleias e sabiás façam algo comparável); de qualquer forma a musicalidade é uma característica inequivocamente humana. Assim, há boa música espalhada por todo o planeta, embora a nossa pobreza de espírito, e os distribuidores oficiais de cultura tapem nossos ouvidos para tudo o que venha de lugares onde não se fala o inglês.

Gostaria de mostrar uma breve lista de músicas contemporâneas.

Do grego Vangelis:

http://www.youtube.com/watch?v=xi_0wdXg4YE

Do argentino Piazzolla:

http://www.youtube.com/watch?v=QCmP4bEJfOg

Do chinês Tan Dun:

http://www.youtube.com/watch?v=TuEGbuXckP8

Dos alemães do Tangerine Dream (alemães fazem música eletrônica há décadas)

http://www.youtube.com/watch?v=rlTT2mPA5BA

Do espanhol Paco de Lucia:

http://www.youtube.com/watch?v=q9vNSA0WNlw

Do peruano Daniel Robles: El condor pasa

http://www.youtube.com/watch?v=7giXCdeOdd0

A lista acima é, obviamente, muitíssimo reduzida; deve causar certa estranheza a ouvidos pouco acostumado com a diversidade de sonora. Mas dá uma ligeira mostra do que é feito mundo afora. A riqueza musical contemporânea é muito maior que a de todos os tempos, a pobreza de espírito continua sendo a mesma.