CHARCOT, NEUROLOGISTA FRANCÊS,,,
CHARCOT, NEUROLOGISTA FRANCÊS...
Foi um médico admirado. Estimado pelos colegas, querido pelos clientes. Obstetra, foi ele que trouxe para nós o método do “parto sem dor” e sem anestesia - de origem francesa o L`Accouchement sans Douleur - que proporcionou essa experiência ímpar a um sem número de mulheres nas décadas de 60 e 70. Interessou-se muito e praticou um pouco de hipnose, sendo convicto de que este procedimento poderia ser utilizado em tratamento médico para alguns casos. Foi também uma vez presidente da Associação Médica do seu Estado. Meia Bahia nasceu por suas mãos, incluindo famosos. Era meu pai.
Já em idade avançada mas ainda ávido por estudo, interessou-se pela Neurologia. Em conversas de quando em vez e quando o assunto girava nessa esfera, trazia à luz a figura daquele médico referindo-o com entusiasmo: “Charcot, neurologista francês... etc.” e prosseguia.
Jean Martin Charcot nascido em 1825 formou-se médico em 1853 na Universidade de Paris. O francês que fundou a Neurologia moderna teve desde muito jovem vivo interesse pelo desenho e pela pintura. Pela juventude desenhava com regularidade e pintava paisagens . Já médico Charcot foi, na verdade, um dos primeiros a unir arte e clínica, talvez no mundo. Os primeiros desenhos-médicos produzidos por Charcor datam exatamente de quando ingressou no Hospital Salpêtrière de Paris. Diz-se que a partir daí a Neurologia e a arte-médica jamais seriam as mesmas. Na esfera da Neurologia em particular Charcot provocaria mudanças desconcertantes. O estudo das desordens conhecidas como histeria (psiconeurose) usando a hipnose como base para seu tratamento é uma delas. Também delineou as características da doença chamada tabes dorsalis, estabeleceu as diferenças entre a esclerose múltipla e a paralisia agitans, demonstrou a clara relação entre a Psicologia e a Fisiologia, e ainda foi um importante precursor do “inconsciente” descoberto e difundido ulteriormente por seu ex-aluno Sigmund Freud que, com frequência, viajava a Paris para assistir as “aulas-show” do mestre.
Mais tarde, acreditem ou não, sempre atento ao que a arte poderia fazer pelos pacientes e alunos, Charcot passou a explorar a fotografia, invenção tornada pública em 1849, poucos anos antes portanto de suas incursões nesse novo universo artístico. A partir daí a fotografia passou a ser exaustivamente usada para captar as mudanças neurológicas ocorridas nos pacientes. Entusiasmado ele fundou um departamento de fotografia no Salpêtrière. A obra fotográfica de Charcot embasou dois significativos empreendimentos intitulados “ Iconografia Fotográfica” e “Nova Fotografia em Salpêtrière” onde aparece extensa, valiosa documentação.
Que sorte tive eu. Lembrando do pai-médico neste mês de outubro e já persuadida a conhecer algo daquele médico francês, deparo-me – tão perto de mim estava – com a fonte mais abundante e mais encantadora de todas: o livro GRANDES MÉDICOS & GRANDES ARTISTAS – Homens que deram vida à Medicina e à Arte, do também inspirado médico-cirurgião , professor e oncologista Dr. Álvaro Souza, além de, naturalmente, músico flautista.
CONSUELO DE CARVALHO MASCARENHAS