A FRACASSADA REDENÇÃO DE "AVENIDA BRASIL"

Hoje, ao abrir o computador, vi lá na capa do Yahoo (ACONTECEU DE NOVO...REGIS TADEU) uma crítica jornalística extensa, pesada e FIDEDIGNA à novela global Avenida Brasil que acabou de acabar...inclusive com a paciência da gente.

Achei surpreendente a iniciativa, principalmente por se tratar duma contra corrente de opinião especializada via Internet.

Gosto de novelas e não há como negar que o tal folhetim hoje representa uma cultura de massa fortemente arraigada no nosso solo, aliás, já sendo claramente usada para fins políticos, já que dizem ter conseguido alterar até a agenda oficial de "campanha´" da nossa Presidenta.

É impressionante...com tudo que vivemos no país. Quanto dinheiro gasto a toa PARA MANTER NOSSA REPRESENTATIVIDADE!- em muitos setores da vida política algo dispersos com o fundamental.

Decerto que também a novela é um dos nossos ópios.

Ah, como seria bom se o povo se mobilizasse só uma fraçãozinha do que se mobilizou para assistir ao apocalipse cultural do último capítulo da novela globalizada...em prol da nossa querida Nação tão pobremente compartilhada.

Tenho comigo que certos temas sociais e antropológicos que pontuam a preferência da telinha mor são encomendados por interesses dos bastidores.

É só uma impressão, claro, espero que sim.

Sinto que é assim que se consegue massificar o povo na alegria forjada de simploriamente convencer a Nação de como é bom se ser chique e sofrido no todo do nosso caos social.

Todavia , eu que tinha literalmente dormido logo nos primeiros instantes do último capítulo e não gostei nada da apelação que vi até o meu primeiro ronco, então, achei prudente assistir à reprise do último apocalipse na tentativa de me redimir.

Às vezes me pergunto se enxergo "presbiopemente" as maravilhas das artes novelísticas dos últimos tempos, já que nem na vida e nem na arte nada é cem por cento bom ou ruim.

Qual, ledo engano! É tudo cem por cento ruim mesmo. Difícil é admitir!

Gente do céu, socorro! Na reprise do último do último a decadência artística foi pior ainda, melhor mesmo é dormir e ter pesadelo e agora me sinto mais a vontade de me manifestar porque sei que não estou sozinha.

Ainda bem que os novelistas nos avisam de que as obras são ficção e NÃO TÊM COMPROMISSO COM A REALIDADE. Com a verdade então...

Mas João Emanuel Carneiro não soube sequer usar o bom senso para o além da ficção.

Do tudo que vi, senti que sua tentativa de tremular a bandeira da Paz numa forjada remissão dos seus pecados, lá no último capítulo, agrediu a inteligência do telespectador: a redenção saiu pela culatra da mediocridade.

O personagem Carminha foi intensa e emocionalmente contraditório.

Tufão, o bobão, lhe rendeu desculpas depois duma vida inteira de pesada traição. "Obrigado por ter me traído!".

Lindo de se ver depois de tanto sangue e violências disseminados na novela de natureza francamente "Ibopiana".

Eu prefiro usar dum eufemismo...para explicar que deveriam ter pena do povo, ora essa!

-Ao povo "Avenida Brasil"! repito.

E aquele belo "Adauto", homem protagonista do trauma da chupeta? Donde saiu aquilo?

Se a maior mensagem de Avenida Brasil foi mostrar ao telespectador que somos vítimas do meio, ara, o que será de nós- brasileiros e brasileiras!!!- depois desta avenida diária, essa que rola e nos assola todos os dias dentre as dádivas sociais tão organizadas do eterno "pão e circo?" .

Pobre de nós que historicamente, e pelo mais que visto, já nascemos no capítulo errado: no último capítulo.

Eu já havia escrito por aqui, antes do texto do jornalista do Yahho, que a novela era uma afronta aos lixões. Senti que ele concorda comigo.

E aqui termino pleonasticamente reescrevendo o que já escrevi: pobre de nós que diante do ruim e do péssimo sequer sabemos escolher um razoável destino aos nossos enredos surreais do dia- a -dia!

Novela pra lá de figurativa! Nesse quesito, parabenizo o autor João Emanuel Carneiro. Disparou na frente...

Quem sabe na próxima vez, Glória Perez nos levante a salvadora espada de São Jorge.

Sorte Brasil, porque a vida não é ficção.