VIVA O GORDO.

O talento de Jô Soares parece não ter limites. Como comediante, humorista da época da TV era o melhor. Seu programa Viva o Gordo, nos deliciava com caricaturas inteligentes de humor refinado, crítico das coisas da nossa gente, personagens que gostávamos de imitar. Ele não poupava os figurões da política, e outras celebridades, quando de suas gafes. A era do humor inteligente (que infelizmente não existe mais) lado a lado com outro gênio – Chico Anysio – deixou saudades.

Como dramaturgo, não conheço seu trabalho. Agora, como escritor, a julgar pelo livro que acabei de ler: “Assassinatos na Academia Brasileira de Letras”, arrisco dizer que só veio reafirmar este talento privilegiado. Trata-se de uma deliciosa comédia, com nuances de uma novela de mistério bem ao gosto dos apreciadores dos enredos de suspense entre o grotesco e o simbólico. O roteiro é fascinante onde o leitor aguçando sua curiosidade, é envolvido e obrigado a trilhar o caminho que conduz ao próximo capítulo. Nota-se até uma semelhança com os contos fantásticos e de mistério de Edgard Allan Poe, no famoso “Os crimes da Rua Morgue”, mas, com nuances de humor bem elaborado.

TEATRO VERSUS TV

O que a Globo fez, foi nos privar deste talento ao trocar um gênio de humor por um apresentador de um programa de entrevistas (por sinal um bom programa) nos fins de noite. É como ele mesmo diz: - Não vá pra cama sem o gordo! Melhor seria ir pra cama mais descontraído com cenas hilariantes e o fígado mais saudável. Afinal, rir é o melhor remédio? A solução para quem quer rir com gosto e sapiência é o Teatro.

Resta dizer que o Teatro no Brasil, não chega para o povo. É elitista. Tanto é, que para se assistir um bom espetáculo seja drama ou comédia é preciso certa dose de cultura e condição financeira disponível para ingressos a preços nada engraçados.

È isso aí.

Por Álvaro Francisco Frazão.