"Educação consiste em dar ao corpo e à alma toda perfeição de que são susceptíveis".
Platão no seu livro "A República" preconiza um ideal educativo para os cidadãos de sua cidade-estado: a pólis. Nesta pólis idealizada e utópica, Platão divide a comunidade social em três classes de acordo com a divisão de trabalho e a natureza de cada indivíduo: o indivíduo cujo elemento predominante é o "concupiscível" deverá pertencer à classe inferior dos trabalhadores, camponeses, comerciantes que produzem e distribuem tudo o que for necessário à subsistência própria e de outros cidadãos. Quando o elemento "colérico" predomina então o indivíduo é arrolado na classe dos soldados ou guerreiros da cidade e tem como missão defender a pólis dos inimigos externos. A virtude que os qualifica é a coragem e terão uma educação mais aperfeiçoada. Dentre estes guerreiros, os mais dotados e nos quais o elemento "racional" tem primazia terão uma educação superior que os capacite para pertencer à classe elevada: a dos governantes. Estes realizarão uma educação aprimorada enquanto são os únicos que contemplarão os arquétipos de todas as coisas e assim poderão guiar os outros na verdadeira justiça e fazer sair os seus concidadãos da caverna para a luz do sol da contemplação direta das Idéias, ou em outras palavras, sair do terreno da opinião e da conjectura para ingressar no da ciência e da sabedoria. A fim de chegar a este ideal educativo os futuros governanantes terão que frequentar os cursos que cultivem tanto a alma como a música, a aritimética, a logística, a geometria, a astronomia e enteroometria quanto o corpo através da ginástica rítmica. Um corpo sadio e uma alma culta são as condições indispensáveis para atingir a perfeição humana. Assim todos os indivíduos que não tenham condições, por motivos de defeitos biológicos ou outros, deverão ser afastados da sociedade ideal ou no mínimo ser relegado à condição de escravos. Platão encampa a eugenia racial com o ideal aristocrático humanista dentro de imperativos seletivos.
Muitos intérpretes de Platão viram no seu ideal educativo uma forma totalitária que foi seguida por certos autores do nosso século de um modo ou de outro.
Em contrapartida a este ideal platônico encontramos as diversas formas rousseaunianas de educação liberal que influeciou uma pléiade de educadores modernos e contemporâneos. Basta citar os propugnadores da escola livre, o exemplo de Summerhill etc... Nesta corrente todos têm os mesmos direitos à compartilhar da educação, pois todos nascem bons e suficientemente aptos. O que fará a diferença futura entre os cidadãos é a diferença de oportunidades que a sociedade oferece e as diferentes pressões que ela exercer sobre o indivíduo.
Se nós aceitarmos o que podemos encontrar de válido em Platão, retirando o que é criticável e juntarmos o que for válido nos seguidores dos ideais educativos de Rousseau, talvez chegaríamos a encontrar um modelo educacional ajustável para a nossa época. Como seria este modelo?
Antes de tudo devemos aceitar a igualdade de direitos à educação para todos os nascidos neste mundo e dar a todos igual oportunidade. No entanto, sabemos que existem diferenças qualitativas psicológicas condicionadas por fatores biológicos e sociais que não permitem que o rendimento educativo resulta igual para todos os que aproveitaram das oportunidades pedagógicas. Sabemos, outrossim, que os talentos são variados e bem diversificados e que as aptidões e interesses variam de indivíduo para indivíduo; assim como o mercado de trabalho torna-se cada vez mais sofisticado e especializado. Assim todos deverão ser educados, mas nem todos poderão pertencer à classe dirigente ou à cúpula intelectual e tecnológica de uma nação. O realismo cotidiano nos orienta para que desenvolvamos todas as possibilidades dos educandos em benefício do bem comum e da autrealização de cada pessoa. Mas como estas potencialidades diferem, então também as realizações encontrarão sua expressão numa gama enorme de variedades.
Daí podemos concluir que é sempre muito interessante meditar sobre as diversas correntes de pensamento entre si e auferir criticamente o que nelas se possa encontrar, quase de eternamente válido, e sintetizá-las num modelo posterior que acolhe no seu bojo os diversos elementos viáveis a serem aplicados nas diversas épocas históricas. Constatamos ainda que o instrumento dialético de Hegel é frequentemente válido quando bem aplicado.
(Platão)
Platão no seu livro "A República" preconiza um ideal educativo para os cidadãos de sua cidade-estado: a pólis. Nesta pólis idealizada e utópica, Platão divide a comunidade social em três classes de acordo com a divisão de trabalho e a natureza de cada indivíduo: o indivíduo cujo elemento predominante é o "concupiscível" deverá pertencer à classe inferior dos trabalhadores, camponeses, comerciantes que produzem e distribuem tudo o que for necessário à subsistência própria e de outros cidadãos. Quando o elemento "colérico" predomina então o indivíduo é arrolado na classe dos soldados ou guerreiros da cidade e tem como missão defender a pólis dos inimigos externos. A virtude que os qualifica é a coragem e terão uma educação mais aperfeiçoada. Dentre estes guerreiros, os mais dotados e nos quais o elemento "racional" tem primazia terão uma educação superior que os capacite para pertencer à classe elevada: a dos governantes. Estes realizarão uma educação aprimorada enquanto são os únicos que contemplarão os arquétipos de todas as coisas e assim poderão guiar os outros na verdadeira justiça e fazer sair os seus concidadãos da caverna para a luz do sol da contemplação direta das Idéias, ou em outras palavras, sair do terreno da opinião e da conjectura para ingressar no da ciência e da sabedoria. A fim de chegar a este ideal educativo os futuros governanantes terão que frequentar os cursos que cultivem tanto a alma como a música, a aritimética, a logística, a geometria, a astronomia e enteroometria quanto o corpo através da ginástica rítmica. Um corpo sadio e uma alma culta são as condições indispensáveis para atingir a perfeição humana. Assim todos os indivíduos que não tenham condições, por motivos de defeitos biológicos ou outros, deverão ser afastados da sociedade ideal ou no mínimo ser relegado à condição de escravos. Platão encampa a eugenia racial com o ideal aristocrático humanista dentro de imperativos seletivos.
Muitos intérpretes de Platão viram no seu ideal educativo uma forma totalitária que foi seguida por certos autores do nosso século de um modo ou de outro.
Em contrapartida a este ideal platônico encontramos as diversas formas rousseaunianas de educação liberal que influeciou uma pléiade de educadores modernos e contemporâneos. Basta citar os propugnadores da escola livre, o exemplo de Summerhill etc... Nesta corrente todos têm os mesmos direitos à compartilhar da educação, pois todos nascem bons e suficientemente aptos. O que fará a diferença futura entre os cidadãos é a diferença de oportunidades que a sociedade oferece e as diferentes pressões que ela exercer sobre o indivíduo.
Se nós aceitarmos o que podemos encontrar de válido em Platão, retirando o que é criticável e juntarmos o que for válido nos seguidores dos ideais educativos de Rousseau, talvez chegaríamos a encontrar um modelo educacional ajustável para a nossa época. Como seria este modelo?
Antes de tudo devemos aceitar a igualdade de direitos à educação para todos os nascidos neste mundo e dar a todos igual oportunidade. No entanto, sabemos que existem diferenças qualitativas psicológicas condicionadas por fatores biológicos e sociais que não permitem que o rendimento educativo resulta igual para todos os que aproveitaram das oportunidades pedagógicas. Sabemos, outrossim, que os talentos são variados e bem diversificados e que as aptidões e interesses variam de indivíduo para indivíduo; assim como o mercado de trabalho torna-se cada vez mais sofisticado e especializado. Assim todos deverão ser educados, mas nem todos poderão pertencer à classe dirigente ou à cúpula intelectual e tecnológica de uma nação. O realismo cotidiano nos orienta para que desenvolvamos todas as possibilidades dos educandos em benefício do bem comum e da autrealização de cada pessoa. Mas como estas potencialidades diferem, então também as realizações encontrarão sua expressão numa gama enorme de variedades.
Daí podemos concluir que é sempre muito interessante meditar sobre as diversas correntes de pensamento entre si e auferir criticamente o que nelas se possa encontrar, quase de eternamente válido, e sintetizá-las num modelo posterior que acolhe no seu bojo os diversos elementos viáveis a serem aplicados nas diversas épocas históricas. Constatamos ainda que o instrumento dialético de Hegel é frequentemente válido quando bem aplicado.
Roberto Gonçalves
Escritor
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