DOM HELDER: O DOM DA PAZ

No dia 27 de agosto de 1999 faleceu, em sua humilde residência, nos fundos da Igreja das Fronteiras, no Recife, Dom Helder Camara. Neste mês (agosto/2012), portanto, já se completam 13 anos de sua ausência. Mas, ao contrário do que ocorre com muitos outros homens, poderosos em vida e esquecidos rapidamente após sua morte, a memória de Dom Helder está muito viva. No momento, quase todos os dias, em Pernambuco, a mídia recorda Dom Helder e sua ação. É a Comissão Estadual da Verdade se debruçando sobre o assassinato do auxiliar de Dom Helder, Padre Henrique. Crime, nunca esclarecido devidamente, ocorrido em 1969 no Recife, praticado por agentes da ditadura e torturadores profissionais. Estes covardes não tinham coragem de eliminar diretamente Dom Helder, certamente com medo das possíveis repercussões internacionais e da reação popular. Assim feriram Dom Helder, matando com requintes de cruedade um auxiliar direto do Arbebispo , cidadão brasileiro, já conhecido pelo mundo inteiro por sua mensagem de paz, fraternidadde e solidariedade.

Dom Helder era cearense, mas viveu no Recife de 1964-1999 como Arcebispo católico. Mas a mensagem de Paz não permaneceu restrita apenas aos católicos, nem mesmo somente aos cristãos. Ela é uma mensagem de amor e de humanidade para todos os homens. Dom Helder viajou pelo mundo inteiro, denunciando a opressão, a tortura, a miséria dos excluídos, as injustiças, os esquemas de explorração dos ricos para com os pobres. Segundo ele, as ambições e os egoísmos dos homens são causas das afrontas à dignidadde de tantos dos nossos irmãos humanos. Dom Helder pregou a solidariedade e a fraternidadde universais. Pregou a esperança para um novo milênio (séc. XXI!) sem miséria. As ameaças e as metralhadoras não o calaram. "A violência não cala aos profetas!".

Durante muitos anos, Dom Helder procurou dar voz a quem não tem nem vez, nem voz. O Dom da Paz, o "Bispo comunista", para os ditadores e torturadores do Regime Militar, usurpador do poder político no Brasil de 1964-1985, nos deixou fisicamente, mas a sua mensagem humanitária permanece viva. E, como dizia o saudoso Pe. Comblin, aquilo que deixou escrito ainda ecoará como mensagem daqui a mil anos. Esta mensagem é um bem para a humanidadde. Ela precisa ser assimilada por todos os que buscam a dignificação da vida humana nesta terra.

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Inácio Strieder é professor de Filosofia - Recife/PE