EMPRESAS EM BUSCA DE SUAS "ALMAS"
Conforme relatos, cada vez mais frequentes, em jornais e revistas das mais diversas procedências, grandes empresas do mundo inteiro estão em busca de sua "alma". Produzir por produzir, ao que parece, com o tempo deixa um grade vazio. Por isto as empresas começam a se perguntar pelo sentido do que fazem. Este sentido somente poderia brotar de dimensões humanas mais profundas, cuja sede é o espírito ou alma. Dali a pergunta: onde estaria a "alma" destas organizações humanas, que são as empresas? Para descobrir e objetivar esta "alma" nada melhor do que o auxílio de um verdadeiro filósofo. De fato, conforme os relatos da mídia, muitas empresas dos EUA e da Europa já possuem em seu corpo administrativo filósofos, com o intuito de identificar e dinamizar a "alma" da empresa. Com esta nova visão da ação tecnológica, que necessita algo a mais do que puramente maniipular a matéria, abre-se um vasto campo de trabalho para os filósofos. E, com esperança fundada, o terceiro milênio de nossa história deverá demonstrar uma grande sede por sabedoria mediada pela filosofia. Mas, para que os filósofos possam prestar este serviço indispensável ao mundo empresarial se exigirá deles, certamente, um esforço cada vez maior de conhecimentos e sabedoria.
Alguém poderia questionar o fato de que no Brasil este interesse das empresas por filósofos ainda não se verifica. A que se deve isto? Na realidade, o Brasil possui poucas empresas realmente brasileiras. A grande maioria são empresas multinacionais que no Brasil apenas possuem filiais. Tais empresas, em geral, apenas contratam filósofos (ou gurus!)nos países de suas matrizes. Nos países periféricos de suas filiais elas ainda não demonstram sensibilidade para este "luxo" humanitário. O que é uma pena, pois destas periferias poderia advir um enriquecimento real de suas "almas".
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Inácio Strieder é professor de filosofia - Recife/PE