O "AUTOMERCHANDISING" TELEVISIVO:

Antes de mais nada vou fazer a pergunta da moda:

"E AÍ, COMEU?"

Ultimamente ocorre um lamentável fenômeno de "marketing televisivo", algo meio "pobre", na ampla e frenética tentativa de se empurrar ao telespectador os produtos da indústria da audiência.

Quantas porcarias de consumo...QUE SE AUTOSUPERAM!

A intenção mercantilista da televisão é tão desconfortavelmente gritante ao expectador que não é difícil logo se concluir que tal instrumento apelativo- e nada inovador!- movimenta cegamente as massas que financiam a audiência das emissoras de televisão, tanto dentro das telinhas como fora delas, nas "telonas".

Os apelos são de todos os gêneros de "arte".

Bem, se a finalidade é financeira via audiência...para que se falar em qualidade, não é mesmo? Quem estaria preocupado com detalhes?

O mecanismo de "venda de auto imagem" é interessante porque acopla a grade toda duma emissora de TV a fazer a publicidade de si mesma em todos os demais horários dentro das suas diversas programações.

O "automerchandising" do novo besteirol parece epidemia, um copia do outro, assuntos, temas, debates, belas âncoras-propagandas, ao mesmo tempo que as velhas novas ideias de quadros que estreiarão servem como pauta de reportagem para as programações já visivelmente "mais vazias", aquelas de conteúdo programático para lá de medíocre e enfadonho.

Às vezes o "merchandising " é tão desconectado do tema em pauta que chega a ser hilariante, a chocar a paciência de quem é mais atento a esperar por algo mais, posto que nos coloca reféns da "auto publicidade de cabresto" que hoje invade, domina e compromete a já tão comprometida qualidade da televisão brasileira, aonde há muito pouco espaço para a programação de qualidade.

O conteúdo dos assuntos das revistas é de se espantar!

Você sabe comer?

Você sabe dobrar uma camisa, esticar um lençol, escovar os dentes do fundo, assoar o nariz com charme, dobrar as pernas sobre os joelhos, ou fazer as sobrancelhas? Não? Então liga a televisão que tem gente ganhando rios de audiência para nos ensinar.

Você sabe bocejar? E se coçar, você sabe? Então liga lá que você aprenderá a se coçar com qualidade de primeira classe com quem entende de "coçação" como ninguém. Mestres chiques do assunto!

Ali nas telinhas não há como não aprender a se coçar com glamour sem esticar o dedo mindinho da mão direita...que é falta de compostura, de elegância.

Quando não se tem mais nada a dizer, então, é ali que entra o "auto merchandising", a exemplo do que ocorre sistematicamente: a novela das seis promovendo a coçação da das oito que promove a das dez, que promove a da semana seguinte, que promove o filme do cinema da hora, aquele que promete matar todas as fomes do mundo, que promove toda a papagaiada da semana que anunciará os encontros com a antiga e mais nova vedete do momento que imediatamente entrará na pauta das revistas do besteirol matutino cuja propaganda estará no besteirol vespertino do Sábado bem como do final de tarde apocalíptico do Domingo tão "chatão".

E de sobra, dali seguiremos para uma "noite fantástica". Ainda bem!

E tudo isso sem direito a pausa para que os neurônios atordoados do telespectador respirem a se reciclarem na guerra do IBOPE que mapeia qual telespectador tem um gosto pior. Somos muitos!

Difícil agradar a todos, assim, como ultimamente.

Eu como gosto de seguir toda a moda televisiva e não sou nada exigente com nada, adoro ser produto de desejo e de consumo da mídia que nos aciona por aqui, ah, então nem pestanejo, me coço e compro o primeiro ingresso anunciado no premier de todas as telinhas deste mundo para continuar na mesmice com algum glamour...direto para o mundo dos novos cabrestos chiques. Delícia!

Como é bom viver comandado pelo subliminar do vácuo, sem sofrimento explícito e se sentindo a prioridade do foco de toda mídia...

No palco das discussões com o público...como somos chiques e cultos formadores de opiniões! Subimos no IDH globalmente!

Ah, e você, sabe trabalhar?

Então desligue a televisão senão você irá desaprender...

Bem, já que não estreio nas próximas telinhas, nem sou adepta dos "automerchandising", não há absolutamente nada de interessante a dizer de mim.

Então, fico por aqui mesmo, já com uma coceirinha....para a próxima coçação da segundona.

Então, só me resta acionar o sentimento para anonimamente teclar (e com os dedos descasados do mindinho, não é incrível?!) um próximo texto menos redundante, que não agregue velhos novos pensamentos.

Afinal, faço questão de seguir a tendência da mídia...

E aí, já comeu?

Difícil mesmo é alimentar tamanha fome de ideias...