Prosa e verso em liberdade: a imagem imaginada
Tenho praticado a liberdade. Você costuma praticá-la?
Como o verso livre nos poemas vogais de Krutchônikh ou a injeção de
ideograma de Pound romperam com as regras rígidas da metrificação, da rima e da própria estrutura da poesia como um todo, assim também o movimento fluxus, herdeiro do dadaísmo e das vanguardas do modernismo também rompeu com as regras artísticas com seus objetos-arte que ao fazerem referência ao ready-made dos ready-mades (o urinol de Duchamp) podem - e efetivamente o fazem - nos levar ao questionamento dos parâmetros e modelos do que chamamos arte. Como coloca Maliévitch, autor de Mulher na Coluna de Cartaz de 1914, na sua celebração da “nova vida do ferro e da máquina”, “se todos os artistas compreendessem essas monstruosas pistas e interseções de nossos corpos com as nuvens nos céus, não pintariam crisântemos.” O mesmo, aliás, que proclama: “Eu destruí o aro do horizonte e saí do círculo dos objetos.”
Tento, quando me ponho a criar, fazer com que a disposição – e não só a disposição como a utilização primeira dos elementos visuais de que me acerco – dos significantes seja aliada de tal modo ao significado, que por ventura será conferido, ou não, à minha peça de arte pelo apreciador, que possa alçar a imagem à condição de ícone engastado à poesia visual e em consonância com uma liberdade interpretativa do público, mantendo o foco no intentio lectorias (a liberdade interpretativa do leitor) em detrimento do intentio operis (o
significado projetado do texto).
Falar e viver do próprio tempo ou viver num tempo melhor, mais
apropriado à arte e à literatura? Não importa, seja qual for a sua
escolha, esteja certo de que a liberdade é a melhor opção. Você
costuma praticar a liberdade?
Publicado no site No Mundo e Nos Livros: http://www.nomundoenoslivros.com/2011/09/prosa-e-verso-em-liberdade-imagem.html