Nomes da área 
cultural falam sobre a morte de Millôr Fernandes

 

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(Fotos Divulgação)
  

 

Jornalista, escritor, humorista, cartunista, dramaturgo, tradutor. Um Artista com “A” maiúsculo. Millôr Fernandes “era uma coisa impressionante”, disse o jornalista Ruy Castro, logo após a morte dele,  na terça-feira, devido a complicações após um AVC. Nascido no Rio de Janeiro, no Meyer. Muito jovem, Millôr perdeu pai e mãe. “Sozinho no mundo, tive a sensação da injustiça da vida e concluí que Deus em absoluto não existia. Mas o sentimento foi de paz, que durou para sempre, com relação à religião: a paz da descrença”, escreveu ele, que iniciou no jornalismo aos 14 anos. Em 1943 passou a ser um dos grandes da revista “O Cruzeiro”.

Alguns anos depois, o lançamento de “Pif Paf”, um periódico (quinzenal) que “o serviço de informações do Exército consideraria oficialmente como o início da imprensa alternativa no Brasil” – em plena Ditadura Militar. Millôr foi um dos fundadores do jornal “O Pasquim”, um dos principais – senão o principal – nomes da oposição à Ditadura. Autor de vários livros e frequentador assíduo das páginas de diferentes veículos de comunicação, traduziu obras clássicas de Sófocles, Shakespeare, Molière e Brecht, entre outros. Na área teatral, também destacou-se.

Evolução entrou em contato com alguns nomes da área artístico-cultural de São Bento e região, ontem, questionando suas opiniões sobre a morte de Millôr. “Ele é insubstituível”, disse o cantor e compositor Reinaldo Voltolini. “Vai fazer muita falta. Ele era intelingetíssimo. Uma perda irreparável”, concluiu. O ator teatral Rafael Nagel frisou que trata-se de “uma perda inestimável pelo tipo de humor que ele fazia”, complementando: “Ele era um destes homens inteligentes, contribuinte para essa liberdade de expressão que temos hoje para falar o que se pensa – mesmo que às vezes não se pense para falar”. Rafael falou sobre os inúmeros comentários principalmente nas chamadas redes sociais após a morte do artista. “É preferível se conheça ele depois da morte do que nunca se conheça”. A jornalista Marília Crispi de Moraes falou que foi “uma grande perda para o Brasil”. Ela frisou também. “A gente fica temporariamente triste, mas a obra continua. O artista morre, mas a obra não morre nunca”. Rafael Padawan, igualmente ator teatral, também comentou a morte de Millôr. “Apesar de ser um escritor que utilizava o humor, ele foi um grande filósofo”, disse. “É um grande pensador que vai deixar saudades. Se pararmos para analisar toda a obra do Millôr, nada do que ele escreveu foi em vão”.

O escritor, poeta e colunista Maurélio Machado afirmou que trata-se de um “fato lamentável”, enfatizando: “Além de um grande humorista e grande escritor, ele era cartunista também. A cultura brasileira perdeu um grande cara. A gente fica até engessado para falar algo mais. Tudo que precisava ser falado já foi. Ele é um monstro da cultura. Vamos sentir muita falta. O importante é que ele deixou uma grande obra – e nisso ninguém pode mexer”. Para a escritora Renata Pscheidt Becker, “quando (Millôr) fazia humor, nunca era de graça, pois sempre havia uma questão importante que ele abordava”. Conforme Renata, “ele sempre tinha um senso muito apurado”.