BIG BROTHER BRASIL 2012

Durval Carvalhal



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            Há muito tempo, tenho ouvido e lido críticas ácidas e raivosas sobre o programa BBB da rede globo. Para se criticar algo, é preciso conhecer a sua essência. A realidade é que se fala muito e pouco se analisa sobre os produtos televisivos, mormente o reality show. E o big brother enquadra-se nesse formato, um programa internacional, surgido na Holanda e que é sucesso em inúmeros países, mormente desenvolvidos como EE. UU., Inglaterra e Canadá.
            No Brasil, quase todas as emissoras de TV apresentam reality show, cujo retorno financeiro é líquido e certo, o que é interessante para toda empresa privada. Aliás, toda entidade deve dar lucro, seja lucro financeiro; seja lucro social, no caso das estatais.
            Televisão é entretenimento, bem como informação. Ninguém é obrigado a assistir aos programas. Vale a teoria do gosto. Quem não gosta, não os assiste. Mas, em uma época de poucos amigos, boas conversas, bons lugares seguros, poucas opções de lazer, um reality show cai bem. É uma distração. Até porque ninguém aguentaria viver só de pesquisas e leituras.
            O reality show exibe um pedaço da realidade sem roteiro a seguir. É uma gincana, que foca questões comportamentais. O big brother não tem personagens. Não há atores. Todos são pessoas reais, cruas e nuas, que exibem suas aparências e suas reações verdadeiras diante de obstáculos; evidenciam conflitos, mesquinharias, ressentimentos e intrigas, sentimentos aceitos no mundo ficcional. É um estímulo à competição, um querendo derrubar o outro, como na vida real. Tudo isso está no seio da própria família, nas comunidades, nas escolas e nos ambientes corporativos. Ou não está? Quem nunca foi vítima de calúnias, fofoca, traição e perseguição? O programa é retrato da vida cotidiana. Não é obra de ficção. A vida real tem seus momentos de baixeza e crueldade. Mas, malgrado a crueldade, os personagens são capazes de criar vínculos de amizade, de amor e solidariedade.
            O big brother é um jogo formidável, que mistura realidade, dando visibilidade nacional aos participantes e prêmio milionário ao vencedor. É a verdade humana escancarada através das câmaras do BBB. Aqui, o expectador inteligente e atento pode se auto avaliar como ser humano, afinal de contas, a vida do outro é nosso espelho. Sem o outro, não vislumbramos o ser.
            Nossa vida é um jogo. Um jogo duro. É Ângela Maria quem canta: “A vida é uma roleta em que apostamos tudo”. É reprodução do real como na literatura. As câmaras estão em toda parte, nas ruas, nos shoppings, nas empresas, nos bancos, etc. O programa reclama domínio dos fundamentos do Marketing Pessoal, sobretudo brilho verbal e postura, malgrado muitos vençam sem serem os mais eficientes.
            Dessa forma, não vejo sentido nas críticas violentas contra o programa; São julgamentos de olhos fechados; talvez porque seja um programa da rede globo. Puro preconceito. A pessoa preconceituosa normalmente tem os olhos vendados, são incapazes de enxergar a verdadeira essência de um fenômeno. Ela só tem a perder. Mais do que nunca, é hora de aprender com Lavoisier, que na natureza nada se perde e tudo se transforma.
            Feliz de quem se predispõe a abrir a cabeça, suavizar o rosto e se enriquecer com as sutilezas estéticas que a vida oferece; pois, ensina o filósofo Luiz Washington Vita que “A poesia nos mostra a beleza que os nossos olhos ineducados não veem”.



Janeiro de 2012.


 
Durval Carvalhal
Enviado por Durval Carvalhal em 27/03/2012
Reeditado em 07/01/2013
Código do texto: T3579019
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